🏳️‍🌈 Como se assumir gay?

Olá! Bem vindo à mais um artigo do Universo Gay do Ala 27!

No texto de hoje, eu vou contar como foi que eu me assumi homossexual para os meus amigos, minha família e para os meus patrões e colegas de trabalho.

Se você é um gay (ou lésbica, ou bi) no armário e está planejando se assumir e não sabe se deve fazer isto, ou não sabe muito bem por onde começar a fazer isto, este texto é pra você! Acredito que posso te ajudar... :)

Continue comigo e acompanhe esta história real que eu tenho certeza que muita coisa poderá ser aproveitada em seu cenário.

A história do garoto gay

Para começar, deixa eu contar um pouco da minha história...

Eu me chamo Adauto, nasci no ínicio dos anos 90, em Colatina, uma pequena cidade do norte do Espírito Santo. Tenho duas irmãs mais velhas, e somos, todos os três, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Venho de uma família cristã católica conservadora.

Embora cristãos e bastante engajados nas atividades da igreja católica da nossa comunidade, meus pais não são fanáticos religiosos e nem acreditam (assim como alguns cristãos por aí) que tudo é coisa do capeta.

Meu pai toma a sua cerveja, assiste futebol, frequenta bares e organiza churrascos com os amigos e a minha mãe também trabalha fora, assiste as suas novelas, faz bordados, dança zumba e tem seus amigos fora da igreja.

Talvez você esteja se perguntando o porquê de eu estar descrevendo tantos detalhes aparentemente irrelevantes ao assunto do artigo. Mas o que eu quero deixar claro é o seguinte: mesmo tendo as suas vidas fora da igreja e seus "leves pecados", a missa de domingo é sagrada e os trabalhos na igreja as vezes ocupam boa parte do tempo - que seria livre - dos meus pais.

Em resumo, eu tenho uma família bem equilibrada, e isto é ótimo! Minhas irmãs mais velhas, ambas casadas e em seus relacionamentos heterossexuais sólidos de mais de 10 anos cada, são, obviamente (por ser de geração diferente dos meus pais) mais mente abertas, compreensíveis, bem informadas sobre liberdade sexual e até possuem amigos LGBT, além de mim, é claro.

Tudo isto que eu estou contando não é encheção de linguiça para que o meu texto fique grandinho não, o intuito é fazer com que você, leitor, entenda qual o cenário que eu cresci e como foi todo o meu processo de me assumir gay neste ambiente do qual eu vivo. Você que faça as devidas comparações com a sua realidade e veja o que você pode aproveitar de tudo isto.

Sei que em comparação à diversos casos por aí, eu até que tenho uma história "tranquila" e certa "sorte" em alguns momentos, mas, mesmo que o meu cenário seja muito melhor (comparado com outros por aí), eu acredito que minha história ajudará pessoas.

O meu primeiro beijo em um garoto

Beijei na boca pela primeira vez em 2005, aos 14 anos. Foi com uma menina, ela até que era bonita e atraente (aos homens héteros, é claro), mas estava longe de ser a "top popular barbezinha do colégio". Antes deste meu primeiro beijo acontecer, eu já imaginava que eu era gay porque me via atraído por homens e nunca me vi de pau duro por uma garota. Nem a mais gostosa modelo que posava para a Playboy (e olha que comprei muitos exemplares desta revista) era capaz de despertar em mim algum desejo sexual. As minhas masturbações adolescentes eram "em homenagem" aos homens sem camisa que apareciam em uma ou outra página em meio aos anúncios desta revista, enquanto diversas páginas com mulheres do avesso nada me atiçavam.

As vezes eu pensava que o problema eram as mulheres que eu via... "Poxa, aquela modelo não era tão gata assim.", "Acho que preciso comprar uma outra revista, esta Playboy não mostra as mulheres totalmente arreganhadas.", "Talvez não seja tesão, talvez seja apenas uma vontade de ser igual aquele homem da revista.".

Dos meus 14 aos 18 eu só beijei meninas. Nunca fui pra cama com nenhuma delas. Podia beijar o que fosse, puxava o cabelo, mordia o pescoço, passava a mão nas partes intimas, etc... Nada fazia com que meu pau desse uma leve latejada. Eu já estava em pânico! Todos os meus amigos da minha idade já estavam perdendo a virgindade e "comendo as menininhas", como eles diziam. Não sabia até que ponto eles estavam contando a verdade, mas aquilo estava me deixando péssimo. Quando tinha alguma festinha e eu beijava alguma menina, eu fazia questão que todos da festa vissem aquela cena. No meu interior, sem eu nem perceber, eu tentava provar para mim e para todos que eu não era gay. Era tipo: "Pessoal! Vejam só isto! Estou beijando uma menina! Eu gosto de meninas! Eu só fico com meninas! Eu não sou gay! Eu sou homem! Eu não sou viado!". Internamente, era tudo isso que eu "gritava".

O meu primeiro sexo gay

Aos 17, dei uns beijinhos em uma garota atrás da quadra da escola (e novamente fiz questão que todos vissem isto), e ela queria transar comigo. Falou até pra algumas amiguinhas ajudá-la na missão. Eu fiquei em pânico! Meu pau jamais subiria pra ela. Imagina só! Broxar na primeira transa! Isso só iria me deixar mais grilado ainda... Nunca fui tão criativo em inventar desculpas. Velório da avó, aniversário da sobrinha do primo, etc... Até que um dia paramos de ficar, acabou o ano, e nunca mais nos vimos (Graças a Deus).

Em 2009, aos 18 anos, eu fiz alguns amigos e tínhamos um grupo de 6 colegas (todos gays, no armário, e todos da mesma idade). Todos nós saíamos juntos pras festinhas e até pegávamos umas menininhas pra disfarçar... Ninguém sabia um do outro, mas todos desconfiavam uns dos outros.

Um destes colegas, o único do grupinho que me atraía, não era da mesma cidade que eu, entre eu e ele rolava um clima, uma troca de olhares, algo a mais do que aquela "colegagem" que rolava com o resto do grupo. Mas nós nunca ficávamos sozinhos, por falta de oportunidade. Sempre que nos encontrávamos era com a galera toda. Ninguém de nós dirigia, ninguém tinha carro. Então, todos de ônibus, iam sempre juntos para o mesmo lugar.

Um dia, pelo depoimento do Orkut, ele me disse que queria conversar comigo, nesta época eu estava no primeiro período da faculdade e eu não trabalhava, ficava o dia todo atoa sozinho em casa (saudades desta época - mentira rs) e ia pra faculdade a noite.

Enfim, o conteúdo da conversa ele não me disse qual seria - óbvio, ele não queria conversar - se é que me entende. Até que marcamos um dia, junho de 2009, e ele veio de ônibus da cidade dele só pra me visitar e termos a "conversa".

Ficamos algumas horas no meu quarto conversando sobre várias coisas nada a ver. Eu estava deitado na minha cama e ele sentado na mesa do meu computador. Esta foi a primeira vez que estávamos sozinhos no mesmo lugar. O clima estava bem propício para que um beijo acontecesse. Não sei ao certo em qual momento da conversa nós estávamos, mas "do nada" ele pulou em cima de mim e me deu um beijo. Com o susto eu acabei empurrando ele, disse que eu não queria beijá-lo (mentira - eu tava doido querendo) e relutei por poucos segundos. Logo depois (uns 5 segundos eu acho rs), deixei que o beijo acontecesse...

Este foi o meu primeiro beijo em um garoto. Naquele momento eu percebi o quão bom poderia ser um beijo na boca. Há quatro anos só beijando garotas, aquele foi o primeiro momento em que me vi de pau duro enquanto um beijo na boca acontecia. E olha que nem rolou nada a mais do que aquele beijo. Não rolou mão boba, ninguém colocou as partes íntimas pra fora, nem NADA. Foi apenas alguns beijos na boca e nada mais. Mas, tanto eu quanto ele estávamos de barraca super armada, mesmo ambos de roupa, deu para perceber a excitação por cima das bermudas.

Infelizmente, por causa da nossa timidez, o beijo demorou muito a acontecer, e, quando finalmente aconteceu (por iniciativa dele), já estava na hora dos meus pais chegarem em casa. Com muita dor no coração, precisei dizer a ele que ele precisaria ir embora. Ele também precisava pegar um ônibus de volta à cidade dele.

Depois de um tempo o grupo de colegas se desfez, ele parou de vir à minha cidade, e nós nunca mais ficamos novamente. Por um tempo, continuamos conversando por redes sociais e só. Nunca "finalizamos" aquele beijo e nunca transamos.

Ainda com 18 anos, um mês após este meu primeiro beijo, fiquei com o segundo menino em um show do KLB (que história! rs). E com este, namorei por 3 anos. Aos 19 (em 2010), perdi a minha virgindade com ele (ativamente e passivamente).

Nesta época, foi quando percebi e tive a certeza de fato que eu era gay. Eu não era bi, não estava passando por "períodos de curiosidade", nem nada do tipo. Eu havia de fato percebido e entendido que eu era 100% gay.

Percebendo isto, comecei a sofrer porque eu estava vivendo duas vidas. Parte de mim queria estar com meu namorado: namorando, beijando, transando, conversando, amando ele, etc... E outra parte de mim "precisava" pagar de hétero pra sociedade.

A minha vida estava péssima porque eu estava guardando um segredo. E não era um segredo qualquer, era a verdade sobre quem eu era. Meus primos e primas (todos héteros) levando suas namoradas e namorados na ceia de natal e aquela tia inconveniente me perguntando das namoradinhas. Eu falava "To namorando ainda não tia". Mas na verdade eu estava morrendo por dentro, pois o meu namorado, estava na ceia lá com a família dele, vivendo e ouvindo as mesmas coisas que eu ali. Me perguntava: "Por que temos que passar por isto?", "Por que eu sou gay?", "Por que ele não poderia estar aqui comigo e 'isto' ser uma coisa normal?".

Como contei para a minha mãe que eu sou gay

A PARTIR DE AGORA COMEÇA A PARTE TENSA! Em 2010, um dia antes de fazermos um ano de namoro, decidi contar para a minha mãe que eu era gay. Ela seria a terceira pessoa do mundo a saber disto, fora ela, apenas aquele menino que beijei em 2009 e o meu namorado sabiam da minha sexualidade.

A minha intenção era contar à ela, para que ela me ajudasse a contar ao meu pai, à minhas irmãs e ao resto do mundo e eu finalmente ser feliz... Mas não foi nada disto que aconteceu. =/

Só de escrever isto e ter que relembrar de toda a história eu já fico tenso. Durante a tarde, eu disse à minha mãe que queria conversar sério com ela, mas só depois que eu chegasse da faculdade. Eu já esta tenso e deixei ela tensa também. Cheguei na faculdade, encontrei com o meu namorado, e disse à ele que eu chegaria em casa e contaria pra minha mãe sobre minha sexualidade e sobre ele (que na cabeça da minha mãe era meu amigo). Ele foi grosso comigo, disse pra eu não fazer isto, disse que eu iria estragar tudo, disse que não era o momento, etc... Mas nada me convenceu. Eu estava decidido a contar!

No ônibus, voltando da faculdade, eu rezava para que a minha mãe estivesse dormindo quando eu chegasse em casa. Um medo de contar tomou conta de mim. Pensei que ela me expulsaria de casa. Na época, estava no ar uma novela que a mãe não aceitava o filho gay.

Cheguei em casa e a minha mãe estava lá, acordada! Me esperando para conversarmos. Acho que nunca fiquei tão tenso, com o coração na boca daquele jeito...

Sentei ela na cadeira do meu quarto, e eu sentei na cama. Falei com ela que ela precisaria entender que aquilo que eu iria contar à ela não era uma coisa da qual eu escolhi ser. Na hora a ficha dela caiu, e ela perguntou: "Você é gay?". Falei: "É, então, eu fico com homens...".

Minha mãe, que sempre foi ótima, naquele momento foi péssima. :(

Ao invés dela me ajudar a contar para minhas irmãs e para o meu pai, ela criou uma bolha ao redor de mim. Ela ficou péssima, tentou sair do quarto várias vezes e eu a chamava de volta... Ficou somente repetindo: "O seu pai vai morrer!", "Você vai matar o seu pai!", etc... Foi tudo muito péssimo! Foi muito ruim! Ela não quis nem continuar ouvindo tudo o que eu tinha me planejado pra contar naquela noite. Ela só queria sair dali, fechar a porta do meu quarto e preferir acreditar que não aconteceu nada daquela conversa, que acredito não ter durado dois minutos.

Depois disso, nos outros dias, ela fazia de TUDO para que eu não tocasse no assunto. Ela não me tratou mal em nenhum momento, mas me evitava o quanto podia. Acho que o maior medo dela era de eu tocar neste assunto e ela teria novamente de saber disto. Por que, na minha cabeça, ela estava o tempo todo tentando se convencer de que aquela conversa no dia 9 de agosto de 2010 nunca existiu, e nunca existiria novamente.

Eu e a minha mãe ficávamos vivendo numa espécie de "banho maria". Ela fingia que nada tinha acontecido, porém, a tristeza no olhar dela era nítida cada vez que eu saia de casa. Eu tocava no assunto pontualmente, mas eu sempre ficava muito tenso. Por que era como se eu tivesse tocando no assunto pela primeira vez. Eu nunca sabia qual seria a reação dela. Mas nunca era algo menos que "terrivelmente triste".

Terminei o meu namoro de três anos no início de 2012. Era o ano que eu me formaria na faculdade. Eu estava tão ansioso para me formar naquele curso que eu odiava (isto é outra história) que, durante todo o ano de 2012, a minha sexualidade e o meu relacionamento com a minha mãe ficava em segundo plano. O meu objetivo número 1 naquele momento era me formar.

Me formei em dezembro de 2012, e, durante todo o ano de 2013, eu estava solteiro, bem e feliz. Fiquei com o terceiro garoto, e eu estava decido a me assumir para o mundo. Eu já estava com 22 anos. Durante todo o ano de 2013 eu conversei com a minha mãe para que ela parasse de "fingir que não tinha um filho gay", contei da minha sexualidade para as minhas irmãs que, alias, foram ótimas! Tenho muita sorte em ter as irmãs que eu tenho...

A reação do pai ao descobrir que o filho é gay

Ter contado para as minhas irmãs foi ótimo para a minha mãe, que abriu um pouco a cabeça e, finalmente, começou a perceber que o mundo não estava acabando. Mas, o pior estava por vir: Contar para o meu pai.

No final de 2013, depois de muito eu falar para a minha mãe que a qualquer momento eu contaria para o meu pai, ela finalmente "tomou coragem". """Tomou coragem""" entre muitas aspas por que ela foi obrigada a contar. Ela não queria que eu contasse pois temia um confronto físico entre nós. Então, ela se sentiu na obrigação dela contar, pois o ciclo estava se fechando.

Todos os dias eu falava pra ela que a qualquer momento EU contaria para ele. E ela insistia MUITO para eu não fazer isto. Ela insistia para que eu esperasse ela ter coragem de contar.

Para ajudar ainda mais na pressão psicológica, nesta época (final de 2013) eu iria comprar uma casa e precisaria da ajuda financeira do meu pai. Era quase um sonho da minha mãe eu ter aquela casa. Eu disse para a minha mãe que, se meu pai não soubesse da minha sexualidade, eu não iria aceitar aquela ajuda e iria desistir da casa e cancelaríamos toda a papelada que já estava toda encaminhada. Disse também que se ela não contasse, eu pegaria o dinheiro que seria da casa e mudaria de cidade. Alugaria uma kitnet em Vitória (capital do estado) e faria a minha segunda faculdade lá.

E eu não estava brincando e nem jogando sujo. O que eu queria mesmo era que meu pai soubesse que o filho dele é gay. O meu Plano A era: "meu pai saber e comprar aquela casa.", meu Plano B era: "meu pai não saber e eu estudar jornalismo em outra cidade, longe deles". Mas eu não poderia aceitar aquela ajuda do meu pai, acabar com todo o meu dinheiro da poupança, e continuar vivendo na mesma casa que eles e ainda mantendo um segredo.

Enfim, numa sexta-feira, minha mãe me falou que contaria para o meu pai no sábado de manhã, era novembro ou dezembro de 2013, a casa que eu comprei começaria a ser paga em janeiro de 2014.

Eu não trabalhava no sábado, eu estava em casa, dormindo no meu quarto, quando a conversa entre eles aconteceu. Por volta das 10 da manhã, minha mãe me mandou um torpedo: "Já conversei com o seu pai. Está tudo bem. Pode sair do quarto.". Saí do quarto todo na defensiva, com medo do que estava por vir. Mas foi um ótimo dia!

Já era umas 11 da manhã, minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho estavam no quintal com os meus pais. Então a casa tava cheia. Sentei com eles pra almoçar e tudo estava muito bem! O clima estava leve.

A minha mãe renasceu naquele dia! Esta conversa precisava acontecer!

Se você fez as contas direitinho, foram 3 anos que a minha mãe soube e o meu pai não. Foram três anos que a minha mãe estava morrendo a cada dia que passava...

Minhas irmãs notaram o quanto a minha mãe se desenvolveu e "voltou a vida" após o meu pai saber.

E a reação do meu pai? A melhor possível! Depois ela me contou que ele disse que "isto é normal" e que "ele vê muito isto por aí na rua".

Eu e meu pai nunca conversamos sobre isto naquela época, só depois de alguns meses, e foi tudo muito tranquilo. Para a minha surpresa, a pior reação foi a da minha mãe. Só que não era por ela ser homofóbica/preconceituosa. O medo dela era a incerteza de qual seria a reação do meu pai.

E, depois que o meu pai soube, TUDO melhorou na nossa casa.

Hoje não preciso esconder meus relacionamentos. Meus amigos gays e lésbicas frequentam a minha casa e traz os seus namorados e namoradas. E tudo é NORMAL, NATURAL, LEVE, ESPONTÂNEO, assim como deveria ser em todos os lugares.

Conselhos de um gay assumido para um gay no armário

Aqui vai um conselho...

Independente do cenário que você viva, eu recomendo que você se assuma. Eu, particularmente, penso que nada é mais agonizante, angustiante, triste e depressivo do que viver em um personagem "cosplay de hétero". Sustentando algo insustentável.

E outra, se o seu medo é o "comentário das pessoas", fique tranquilo! Quando você se assumir você será assunto apenas por uma semana, ou menos disso. Estar no armário gera mais comentário e mais fofoca! É a curiosidade a principal geradora de fofoca e de comentários maliciosos.

Quando você estiver assumido, livre, bem resolvido, fora do armário, ninguém falará de você!!! Hoje, qualquer que seja o ambiente, a pergunta "Adauto é gay?" NÃO EXISTE! Não faz sentido! Visto que o óbvio, o assumido, o visível, não é alvo de curiosidade. Ninguém jamais se perguntará se o céu é azul ou se o sangue é vermelho. Guarde esta frase: o óbvio não é perguntado!

Livre-se! Se assuma! Repito: o comentário será apenas na primeira semana que você se assumir!

As pessoas comentarão mais se você tentar desviar isto, se casando, ficando com garotas, se "vestindo" de hétero homofóbico pra disfarçar...

Seus amigos serão mais verdadeiros e mais próximos à você. Só existem vantagens! Todos os meus amigos se tornaram mais amigos ainda após a minha "saída" do armário. Quem por ventura se afastou de mim após eu me assumir, nunca foi meu amigo.

Nem meus amigos homens héteros se afastaram de mim. Sempre os respeitei e eles sempre me respeitaram. E mais! Héteros de verdade, bem resolvidos e seguros de si, não deixarão de ser seus amigos por você ser gay. A mesma coisa vale pras lésbicas. Nenhuma garota hétero deixará de ser sua amiga quando você se assumir. A não ser que ela seja uma otária. E daí ela se afastar de você é um favor que ela lhe faz.

Eu já estava tão angustiado, que nada seria pior do que esta angustia. Então, eu cheguei em um ponto que, qualquer reação que a minha mãe tivesse, por pior que fosse, esta reação ou atitude dela jamais seria pior do que a angustia, o nervosismo, o mal estar e tudo aquilo que eu estava sentindo naquele momento por guardar aquele "segredo".

Talvez, você que esteja pra tomar alguma decisão na sua vida, qualquer que seja, e fica adiando isto e se angustiando a cada minuto que passa. Seja pedir demissão, terminar um seu namoro, ter uma conversa com uma pessoa, etc... Tente perceber se a angustia deste adiamento é maior do que qualquer consequência que esta atitude por ventura traga. Provavelmente o melhor será tomar a atitude! Por isto, recomendo sempre que as pessoas se assumam gays, lésbicas, bi, trans, o que for!

O que eu estou dizendo é basicamente o seguinte: As vezes a gente deixa de fazer alguma coisa por medo, mas a angustia do não-fazer é muito maior do que qualquer retorno negativo que possa vir caso você definitivamente fizer aquilo que você tanto teme.

Então, era nessa situação que eu estava. Qualquer reação da minha mãe (e depois do meu pai), por pior que fosse, seria "menos pior" do que a angustia que eu estava sentindo por não contar. Então, de qualquer maneira, a melhor opção era contar!

Texto escrito por Adauto

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