🔎 CASOS E MISTÉRIOS: John List: O assassino que matou a própria família!

Em 9 de novembro de 1971, John List atirou em sua esposa, sua mãe e seus três filhos. Depois fez um sanduíche, dirigiu até o banco e desapareceu por 18 anos.

QUEM ERA JOHN LIST?

John List parecia ser o filho, marido e pai perfeito. Ele trabalhou duro como contador em um banco próximo para sustentar sua família. A mansão de Nova Jersey que ele morava com sua mãe, esposa e três filhos tinha 19 quartos, incluindo um salão de baile e lareiras de mármore.

List e sua família viviam o sonho americano em 1965. Eles frequentavam a igreja todos os domingos enquanto luteranos devotos e List ensinava na escola dominical. Parecia a família margarina perfeita!

Mas estava muito longe disso.

O COMEÇO DA QUEDA

Em 1971, John List perdeu o emprego no banco aos 46 anos e ele estava com dificuldades para arranjar outro emprego. A ideia de admitir que estava falido ficava fora de cogitação para John e ele fingia que ia trabalhar todo dia para a esposa, enquanto procurava desesperadamente um novo trabalho.

Então ele passava seus dias na estação de trem, lendo o jornal e secretamente tirando dinheiro das contas bancárias de sua mãe para pagar a hipoteca da mansão que acabara de comprar. Ele se recusou a receber assistência social, pois isso acarretaria um constrangimento perante a comunidade e violaria os princípios de autossuficiência que ele aprendeu no colo de seu pai.

A única solução que lhe passou pela cabeça, para não ter que admitir para a mulher que estava falido, foi a pior possível: matar sua mãe, esposa e filhos.

O ASSASSINATO

Um dia, no final de 1971, John List atirou e matou sua esposa, Helen; sua filha de 16 anos, Patricia; seu filho de 15 anos, John; seu filho de 13 anos, Frederick; e sua mãe, Alma, de 85 anos.

Eles foram baleados um por um. Helena foi a primeira. List levou as crianças para a escola e atirou nela na cozinha enquanto ela tomava seu café da manhã. Então, ele subiu ao terceiro andar e assassinou sua mãe em sua cama.

Ele matou Patricia quando ela voltou para casa da escola, então o filho mais novo, Frederick. Ele ficou com fome, então fez um sanduíche, ao lado do corpo falecido da esposa, fechou suas contas bancárias e torceu por seu único filho sobrevivente, John, em seu jogo de futebol do ensino médio. Ele lhe deu uma carona para casa, depois atirou no peito dele.

A FUGA

John List colocou os corpos de seus familiares em cima de sacos de dormir no salão de baile, depois escreveu uma nota para seu pastor, que ele achou que entenderia. Ele temia que sua família, confrontada com um mundo cheio de maldade e pobreza, se afastasse de Deus; na cabeça de John, essa era a única maneira de garantir sua chegada segura ao céu.

Ele não estava, no entanto, disposto a sofrer as consequências terrenas de suas ações. Em um esforço para confundir a polícia, ele limpou as cenas do crime e usou uma tesoura para remover sua imagem de todas as fotos da mansão.

Ele cancelou todas as entregas e entrou em contato com as escolas de seus filhos para informar aos professores que a família estaria de férias por algumas semanas. Acendeu as luzes e o rádio, deixando hinos religiosos tocando nos cômodos vazios da casa.

Ele ainda dormiu na mansão onde sua família estava morta, depois saiu pela porta na manhã seguinte – e não foi visto novamente por 18 anos.

Um mês se passou antes que os vizinhos, curiosos com as luzes constantemente acesas e as janelas vazias, começassem a suspeitar que algo estava errado na mansão List.

Quando as autoridades entraram na casa de Westfield, Nova Jersey, em 7 de dezembro de 1971, ouviram música de órgão transmitida pelo sistema de interfone. Eles também encontraram a nota de cinco páginas de John List explicando que os corpos ensanguentados no salão de baile eram membros de sua família, mortos por misericórdia. Ele havia salvado as almas das pessoas que amava.

O FBI encontrou seu carro estacionado no Aeroporto Internacional Kennedy, em Nova York, mas nunca o encontraram. E assim, o caso ficou arquivado.

O PROGRAMA DE TV

Cerca de 18 anos depois do massacre, policiais foram em um programa super famoso dos EUA, chamado “America's Most Wanted” (“Os americanos mais procurados” em português), e pediram a um artista forense especialista, Frank Bender, para criar um busto físico de John List. Bender precisou pegar fotos do pai de John, para imaginá-lo mais velho, já que John cortou a sua cara de todas as fotos que estavam em casa, para a polícia nunca achá-lo.

Bender fez um busto e deu-lhe um nariz de falcão, sobrancelhas grisalhas e óculos com armaduras bem grossas. Psicólogos teorizaram que List usaria os mesmos óculos que usava quando jovem para lembrá-lo de dias mais bem-sucedidos. Ele fez o busto usando terno, pois acreditava que John usaria roupas mais comportadas e conservadoras, já que ele era um religioso nato e estava quase 2 décadas mais velho.

Era uma representação magistral de John List. Quando o programa transmitiu a história dos assassinatos de John List em 21 de maio de 1989, um público de 22 milhões viu a escultura de Frank Bender. As dicas vieram à tona.

Uma dica veio de uma mulher em Richmond, Virgínia, que achou que seu vizinho, Robert Clark, tinha uma semelhança impressionante com o busto. A informante disse que seu vizinho também era contador e frequentava a igreja.

As autoridades foram à casa de Clark e falaram com sua esposa, que ele conheceu em uma reunião social da igreja. Sua história pôs fim ao mistério de 18 anos.

Acontece que List mudou sua identidade e se mudou para o Colorado sob o nome falso de Robert Clark. O pseudônimo funcionou e ele o manteve quando se mudou para Richmond.

O engraçado é que ele só mudou o nome, mas tinha uma vida muito parecida com a que tinha quando se chamava John List: pacata, conservadora e religiosa.

Comparação de John List com o busto feito no programa “America's Most Wanted”

O JULGAMENTO DE JOHN LIST

A polícia da Virgínia prendeu o assassino John List em 1º de junho de 1989, apenas nove dias após o programa “America's Most Wanted” ter exibido seu caso.

Em seu julgamento em 1990, os advogados de defesa argumentaram que List sofria de TEPT por seu serviço militar na Segunda Guerra Mundial e na Coréia. Psicólogos especialistas acreditavam que List estava passando por uma crise de meia-idade – e como a promotoria apontou, isso não era desculpa para matar cinco pessoas inocentes.

O júri finalmente considerou John List culpado e um juiz o condenou a cinco penas de prisão perpétua em uma prisão de Nova Jersey.

Em uma entrevista com Connie Chung em 2002, List disse que não se matou depois de matar sua própria família porque sentiu que isso sim o impediria de chegar ao céu. Tudo o que List queria era se reunir com sua esposa, mãe e filhos na vida após a morte, onde ele acreditava que não haveria dor ou sofrimento.

A MORTE DE JOHN LIST

A mansão em Nova Jersey, onde John List morava com sua família, foi incendiada vários meses após os assassinatos. As autoridades nunca encontraram a causa do incêndio, e uma nova casa foi construída na propriedade anos depois.

John List morreu na prisão em 2008, aos 82 anos de idade. A reviravolta desse caso é: Na mansão de John havia uma peça raríssima e muito valiosa, que John nem desconfiava. Essa peça já estava na casa quando ele a comprou.

Ela valia nada mais, nada menos que 100 mil dólares. Ou seja: era dinheiro mais que suficiente para pagar suas dívidas e viver bem até conseguir um emprego novo.

O triste é ver que, um homem que se dizia tão religioso, não conseguiu ver outra solução para a sua vida, a não ser assassinar toda a sua família.

🔎 Luana Sabaini