Filmes Que Quase Tiveram Finais Diferentes e o Que Poderia Ter Mudado

Introdução

Os filmes têm uma mágica única que consegue nos transportar para universos fantásticos, emocionantes e, muitas vezes, inesperados. Mas o que seria do cinema se os finais das grandes produções fossem diferentes? Há muitos casos em que os roteiros iniciais ou alternativas de filmes quase mudaram por completo a percepção que temos dessas histórias.

Mudanças que poderiam ter impactado os personagens, o enredo e, até mesmo, o legado das produções. Nesse artigo, vamos explorar alguns filmes famosos que quase tiveram finais diferentes e como essas alterações poderiam ter mudado o curso da narrativa e da história do cinema.

Somente um recado importante: Este texto contém muitos spoilers:

1. “O Sexto Sentido” (1999)

O icônico suspense de M. Night Shyamalan é conhecido por seu final surpreendente, mas o roteiro original era bem diferente. Inicialmente, o personagem de Bruce Willis, o Dr. Malcolm Crowe, não morreria no filme. O roteirista pensava em uma abordagem mais convencional, com o personagem resolvendo o mistério do filme e, eventualmente, se reconciliando com sua esposa.

No entanto, a mudança para a revelação de que o protagonista estava morto o tempo todo foi uma sacada brilhante, que tornou o filme um clássico do gênero. Caso o final original tivesse sido mantido, talvez “O Sexto Sentido” não tivesse o mesmo impacto cultural e a sua fama como um dos maiores plot twists do cinema teria sido apagada.

2. “Titanic” (1997)

James Cameron, o mestre por trás do épico romântico “Titanic“, também pensou em diferentes maneiras de encerrar a história de Jack e Rose. No roteiro original, o final tinha um tom mais sombrio e trágico. Quando Rose, após uma vida cheia de memórias, vai até o local onde o Titanic afundou, ela carrega consigo o colar “Coração do Oceano”, que durante toda a história simboliza a conexão entre ela e Jack.

Após contar sua história à equipe de filmagem e ver a repetição dos momentos mágicos que ela viveu, Rose decide que é hora de fechar esse capítulo de sua vida. O marinheiro da expedição, que observava a bordo do navio em busca dos destroços, a vê à distância. Com um olhar pensativo, ele a observa fazer o último gesto que a conectaria ao passado de uma maneira definitiva. Rose, com um olhar de saudade e saudade, pega o colar “Coração do Oceano”, o último vestígio de seu amor perdido, e o joga no oceano, exatamente onde o Titanic afundou.

O marinheiro, que assiste à cena, não entende completamente o que está acontecendo. Ele apenas observa o colar ser engolido pelo oceano e, ao retornar à sua cabine, relata o que aconteceu, sem dar muito mais importância ao que viu. Esse desfecho teria sido mais sombrio e, talvez, mais doloroso para os espectadores, pois não haveria a metáfora do “amor eterno” que permeia a versão final.

O fato de Rose lançar o colar ao mar em um gesto simbólico de “desapego” teria marcado o fim de sua história sem a doce nostalgia de seus momentos vividos. A decisão de Cameron de alterar esse final foi acertada, criando um equilíbrio entre o drama e a celebração da vida e do amor.

3. “Vingadores: Ultimato” (2019)

Vingadores: Ultimato” é um marco na história do cinema, e suas cenas emocionantes e finais arrebatadores quase foram diferentes. Uma das versões iniciais de roteiro trazia um final alternativo em que Tony Stark não morria, sendo salvo pelos outros heróis após o estalo. A decisão de fazer Stark sacrificar sua vida no final foi um movimento ousado, e o próprio Robert Downey Jr. acreditava que era a única maneira de encerrar a jornada de seu personagem de maneira satisfatória.

Manter Stark vivo teria mudado a dinâmica da fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel, além de afetar a profundidade emocional do final de “Ultimato“, que se tornou uma despedida carregada de significado para os fãs. O sacrifício de Stark, que se tornou uma lição de altruísmo e heroísmo, é agora uma das cenas mais memoráveis de toda a franquia.

4. “Star Wars: O Império Contra-Ataca” (1980)

O clássico “O Império Contra-Ataca” quase teve um final bem diferente. Em uma versão inicial do roteiro, Darth Vader não teria revelado que era o pai de Luke Skywalker. Em vez disso, ele teria oferecido a Luke uma aliança para dominar a galáxia juntos, sem a revelação impactante sobre sua paternidade.

Essa versão original da trama foi abandonada após George Lucas, o criador da franquia, perceber que a revelação de que Vader era o pai de Luke era uma das maiores viradas da história do cinema. Se essa revelação não tivesse ocorrido, a tensão entre os personagens principais teria sido bem diferente, e o impacto emocional dessa franquia não teria sido tão marcante.

5. “O Poderoso Chefão” (1972)

O filme de Francis Ford Coppola, que se tornou um ícone do cinema, quase teve um desfecho completamente diferente. A morte de Michael Corleone no final original do roteiro foi uma decisão ousada que traria uma conclusão trágica para a história da família Corleone.

Entretanto, Coppola decidiu dar a Michael a chance de sobreviver, criando o encerramento final no qual ele assume seu papel como líder da máfia, com a famosa cena em que ele se torna “O Poderoso Chefão“. Se a morte de Michael tivesse sido mantida, o legado da saga de “O Poderoso Chefão” teria sido outro, talvez sem a continuação que transformaria o filme em uma trilogia imortal.

6. “Matrix” (1999)

A famosa franquia “Matrix” dos irmãos Wachowski quase teve um final diferente. Em uma versão inicial, Neo (Keanu Reeves) teria morrido no final do primeiro filme, sacrificando-se para salvar a humanidade. No entanto, os Wachowski decidiram que Neo deveria sobreviver, deixando espaço para a expansão da história nos filmes subsequentes.

A morte de Neo teria encerrado a história de uma maneira mais trágica e sem possibilidade de continuidade, e a escolha de deixá-lo vivo possibilitou a construção da saga “Matrix“, que exploraria questões mais filosóficas e existenciais nos filmes seguintes. A decisão de não matar o protagonista foi crucial para o sucesso da franquia e para a sua análise de temas como liberdade, escolha e realidade.

7. “Clube da Luta” (1999)

O filme de David Fincher, baseado no romance de Chuck Palahniuk, terminou com uma reviravolta em que o protagonista (Edward Norton) descobre que Tyler Durden (Brad Pitt) é uma criação de sua própria mente. No entanto, no roteiro original, o personagem de Norton teria sido morto por Tyler, e a revelação sobre sua verdadeira identidade seria mais gradual e menos dramática.

A mudança para o final atual, com o protagonista sobrevivendo e tentando buscar sua redenção, trouxe uma nova perspectiva para o filme, reforçando a ideia de que a luta interna do protagonista com seus próprios demônios é, de fato, o verdadeiro “Clube da Luta”. Esse final aberto também estimulou uma reflexão mais profunda sobre a sociedade de consumo, as expectativas e o autoconhecimento.

8. “O Labirinto do Fauno” (2006)

O aclamado filme de Guillermo del Toro traz uma história cheia de simbolismos, mistérios e tragédias. O final original de “O Labirinto do Fauno” era ainda mais sombrio, com a protagonista, Ofelia, morrendo no final da história. No entanto, Del Toro optou por um final alternativo que mistura realidade e fantasia, com Ofelia morrendo de uma forma heróica e a possibilidade de que ela realmente tenha encontrado sua salvação no mundo mágico.

O final alternativo que foi descartado teria dado um tom mais sombrio à história, mas o final definitivo, mais esperançoso, deixou uma sensação de que, mesmo nas situações mais difíceis, a imaginação pode oferecer uma fuga para o espírito humano.

Conclusão

Esses exemplos mostram como o cinema é um campo de possibilidades infinitas, onde cada decisão pode alterar por completo a forma como um filme é percebido. As escolhas feitas pelos diretores, roteiristas e produtores são fundamentais para a criação de uma obra-prima, e, em muitos casos, o que quase aconteceu pode ter mudado o curso da história do cinema.

A troca de um final, uma reviravolta diferente ou uma mudança na construção do personagem pode transformar uma história mediana em um clássico imortal. E, assim, o que quase poderia ter sido, nos lembra de como o cinema, como qualquer forma de arte, é um reflexo de escolhas e consequências, tornando-o ainda mais fascinante para os fãs e estudiosos dessa incrível arte.

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