“O Silêncio dos Inocentes” é um clássico absoluto do cinema que, desde seu lançamento em 1991, continua a fascinar e aterrorizar públicos ao redor do mundo. Baseado no romance de Thomas Harris, o filme não apenas ganhou o Oscar de Melhor Filme, como também consolidou seu lugar na história do suspense psicológico com uma trama intricada e personagens inesquecíveis.
A narrativa gira em torno da jovem agente do FBI Clarice Starling, interpretada brilhantemente por Jodie Foster, e seu complexo relacionamento com o astuto e perturbador Dr. Hannibal Lecter, vivido por Anthony Hopkins. O filme mergulha profundamente na mente dos seus protagonistas, explorando temas de manipulação psicológica, a busca pela verdade e o que significa ser um predador.
Neste texto, vamos explorar algumas curiosidades fascinantes sobre a produção e os bastidores desse icônico thriller que continua a influenciar o gênero até hoje.”
1 – INSPIRADO EM UM SERIAL KILLER REAL
Muito da trama de “O Silêncio dos Inocentes” foi inspirada na relação real entre o professor de criminologia Robert Keppel, da Universidade de Washington, e o notório serial killer Ted Bundy. Semelhante à dinâmica entre Hannibal Lecter e Clarice Starling, Bundy colaborou com Keppel na investigação dos assassinatos em série conhecidos como “assassinatos de Green River” em Washington.
Bundy foi executado em 24 de janeiro de 1989, mas os casos de Green River só foram solucionados em 2001, quando Gary Ridgway foi capturado. Em 5 de novembro de 2003, Ridgway admitiu sua culpa em um tribunal de Seattle, confessando 48 crimes de homicídio em primeiro grau.
2 – SEAN CONNERY QUASE FEZ O PAPEL PRINCIPAL
Infelizmente, nunca saberemos como teria sido. Connery leu o roteiro e o considerou “repugnante”. Daniel Day-Lewis e Derek Jacobi também foram cogitados para o papel, que acabou sendo brilhantemente interpretado por Anthony Hopkins.
3 – ACHOU QUE SERIA UM FILME INFANTIL
Quando o agente de Anthony Hopkins o contatou em Londres para informar que estava enviando um roteiro intitulado O Silêncio dos Inocentes, Hopkins imediatamente assumiu que estava sendo considerado para um filme voltado para o público infantil.
4 – UM HOMEM BOM?
Quando Anthony Hopkins soube que havia sido escolhido para interpretar Hannibal Lecter devido à sua atuação como Dr. Frederick Treves em “O Homem Elefante” (1980), ele questionou Jonathan Demme, dizendo: “Mas o Dr. Treves era um homem bom.” Demme respondeu: “Bem, Lecter também é um bom homem. Ele apenas está preso em uma mente perturbada.”
5 – CONTRUINDO O PERSONAGEM
Anthony Hopkins não baseou sua interpretação de Hannibal Lecter em uma única pessoa, mas combinou elementos de Truman Capote, Katharine Hepburn e o computador HAL de “2001: Uma Odisséia no Espaço”. Essa combinação criou um retrato complexo do mal que Thomas Harris investigou durante sua pesquisa.
John Douglas, especialista em perfis do FBI e pioneiro na análise de criminosos e assassinos, comentou: “Felizmente, não há ninguém como ele”.
Douglas, que chefiou uma das unidades de investigação do FBI e inspirou o personagem Jack Crawford (interpretado por Scott Glenn), conseguiu que Glenn visitasse a Unidade de Ciência Comportamental do FBI em Quantico, Virgínia. Após ouvir gravações de Lawrence Bittaker e Roy Norris — que violentaram e maltrataram uma jovem de 16 anos —, Glenn, em lágrimas, declarou ter mudado sua posição para “a favor da pena de morte”.
Ele também assistiu a gravações de tortura e assassinato de mulheres, e decidiu não reprisar seu papel na sequência, afirmando que as imagens o assombram até hoje.
6 – ANTHONY HOPKINS PESQUISOU SOBRE SERIAL KILLERS
Após a transferência de Lecter de Baltimore, o plano inicial era vesti-lo com um macacão amarelo ou laranja. Anthony Hopkins conseguiu convencer Jonathan Demme e a figurinista Colleen Atwood de que um traje totalmente branco faria o personagem parecer mais clínico e, portanto, mais perturbador. Hopkins revelou que essa escolha foi inspirada pelo seu próprio medo de dentistas.
Para se preparar para o papel, Anthony Hopkins pesquisou arquivos de serial killers, visitou prisões e participou de audiências judiciais sobre crimes em série. Além disso, ele se inspirou em um amigo de Londres que nunca piscava, o que causava desconforto nas pessoas ao seu redor.
7 – SOTAQUE
Jodie Foster revela que, durante a primeira cena entre Lecter e Starling, Anthony Hopkins fez uma imitação do seu sotaque sulista e improvisou de forma inesperada. A reação assustada de Foster foi autêntica; ela se sentiu pessoalmente ofendida. Mais tarde, ela expressou sua gratidão a Hopkins por provocar uma reação tão genuína.
Jonathan Demme também havia criticado o sotaque de Foster em Acusados, apesar de ela ter ganhado um Oscar por seu desempenho. No entanto, depois de trabalhar com ela novamente, Demme parece ter reconsiderado sua opinião.
8 – A INSPIRAÇÃO PARA BUFFALO BILL
Ed Gein, conhecido por despelar suas vítimas; Ted Bundy, que usou seu charme para atrair mulheres para sua van e colaborou com o FBI em investigações após sua prisão; e Gary Heidnick, que mantinha mulheres sequestradas em um buraco no seu porão, são alguns dos casos que inspiraram Thomas Harris. O autor dos livros originais participou de alguns dos julgamentos de Bundy e lhe enviou uma cópia de “Dragão Vermelho”.
9 – AS COSTAS DAS “MARIPOSAS” NA CAPA DO FILME
O padrão nas costas da mariposa nos cartazes do filme não é o padrão natural da espécie Tobacco Horn Worm. O desenho, na verdade, é “In Voluptas Mors”, de Salvador Dalí, uma imagem de sete mulheres nuas posicionadas para parecer um crânio humano. O cartaz foi inspirado por um esboço de Dalí e tirado pelo fotógrafo Philippe Halsman.
Mas isso não quer dizer que as mariposas Tobacco usadas em todo o filme não tenham recebido tratamento de celebridade. Elas voaram de primeira classe para o set em uma transportadora especial, tinham alojamentos especiais (quartos com umidade e calor controlados) e estavam vestidas com roupinhas cuidadosamente projetadas (escudos de corpo com caveira e ossos cruzados pintados).
10 – “QUE DIABOS FOI ISSO?”
Quando Clarice visita o Dr. Hannibal Lecter em sua nova clínica, Lecter insiste que ela continue falando sobre sua infância como parte do acordo. Relutantemente, Jodie Foster prossegue com sua narrativa sobre a fuga. No meio de suas confissões, ela menciona ter um cordeiro com ela. Se ouvir com atenção, após ela dizer: “Eu pensei que se eu pudesse salvar apenas um…”, é possível ouvir um som distante de algo caindo no chão.
Um membro da equipe deixou cair uma chave durante as filmagens. O diretor Jonathan Demme ficou alarmado, temendo que isso comprometesse a cena. No entanto, Foster permaneceu no personagem e continuou com sua história, o que levou Demme a decidir continuar filmando. Quando o “Corta” foi dado, Foster se voltou para a equipe e exclamou: “Que diabos foi isso!”.
11 – APENAS 16 MINUTOS?
Embora tenha recebido um Oscar por sua atuação em O Silêncio dos Inocentes, Anthony Hopkins aparece na tela por apenas 16 minutos.
12 “BIG FIVE” DO OSCAR
O termo “Big Five” refere-se ao prêmio máximo do Oscar, quando um filme conquista as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro (seja adaptado ou original).
O primeiro filme a alcançar essa façanha foi Aconteceu Naquela Noite, em 1935, com Clark Gable e Claudette Colbert ganhando nas categorias de Melhor Ator e Melhor Atriz, respectivamente. O próximo a conseguir esse feito foi Um Estranho no Ninho, em 1976, com Jack Nicholson e Louise Fletcher recebendo os prêmios de Melhor Ator e Melhor Atriz.
Em 1991, Anthony Hopkins e Jodie Foster também conquistaram as estatuetas, completando a lista dos vencedores do Big Five.
“O Silêncio dos Inocentes” continua sendo uma conquista monumental na história do cinema, misturando intriga psicológica com atuações assustadoras. O sucesso do filme está enraizado em sua abordagem inovadora ao gênero de thriller, apresentando personagens complexos e uma atmosfera inquietante.
As imagens icônicas do filme, desde a borboleta no cartaz até o diálogo perturbador, continuam a cativar o público e influenciar o gênero. Seu legado está consolidado por sua notável capacidade de provocar reflexão e evocar emoções, tornando-o um clássico atemporal no mundo dos thrillers psicológicos.