“O Iluminado”, dirigido por Stanley Kubrick e baseado no romance de Stephen King, é uma obra-prima do cinema que continua a fascinar e intrigar espectadores décadas após o seu lançamento em 1980. Este filme icônico transcendeu o gênero de terror, tornando-se um marco cultural e uma fonte inesgotável de discussão e análise.
Por trás das cenas assustadoras e da trama arrepiante, “O Iluminado” está repleto de curiosidades fascinantes que revelam o cuidado meticuloso do diretor e as complexidades por trás da criação deste clássico cinematográfico. Neste texto, exploraremos algumas das curiosidades mais interessantes que cercam este filme e mergulharemos nos mistérios que continuam a envolver “O Iluminado”.
1 – STANLEY KUBRICK QUASE DIRIGIU OUTRO CLÁSSICO DO TERROR
Antes de “O Iluminado”, Kubrick já havia deixado sua marca em diversos gêneros cinematográficos, incluindo o terror. Na década de 1970, seu nome chegou a ser considerado para dirigir “O Exorcista”. No entanto, ele optou por não participar do projeto, pois desejava não apenas dirigir, mas também produzir o filme.
Mais tarde, Kubrick revelou sua ambição de criar “o filme mais aterrorizante do mundo”, planejando uma série de episódios que deixariam o público em estado de puro terror. Sete anos após essa revelação, ele finalmente concretizaria esse objetivo com o lançamento de “O Iluminado”.
2 – KUBRICK REJEITOU ROTEIRO ESCRITO PELO PRÓPRIO STEPHEN KING
A trama do filme foi adaptada do best-seller do renomado autor Stephen King, publicado em 1977. Apesar do reconhecimento da obra literária, Kubrick optou por descartar o esboço do roteiro feito pelo próprio King, criticando-o como “fraco”. Em vez disso, dedicou onze semanas de trabalho ao roteiro em colaboração com Diane Johnson.
3 – STEPHEN KING, AUTOR DO LIVRO, NÃO GOSTOU DO FILME E NEM DA ATUAÇÃO DE JACK NICHOLSON
Em uma entrevista à revista Playboy em 1983, Stephen King revelou sua admiração por Stanley Kubrick ao longo dos anos, o que gerou grandes expectativas em relação ao filme. No entanto, King admitiu ter ficado desapontado com o resultado final. Além disso, o escritor expressou sua insatisfação com a atuação de Jack Nicholson, alegando que o ator não era adequado para o papel.
De acordo com King, “o último grande papel de Nicholson foi em ‘Um Estranho no Ninho’. E, quando o ator começou o filme com seu ‘sorriso maníaco’, o público automaticamente o identificou como um lunático. Mas o livro trata de uma descida gradual do personagem Jack na loucura, influenciada pelo mal. Se a história já começa com um personagem louco, toda a tragédia de sua queda é desperdiçada”.
4 – JACK QUASE FOI INTERPRETADO POR OUTROS ATORES FAMOSOS
Kubrick considerou tanto Robert De Niro quanto Robin Williams para o papel de Jack. Porém, após assistir Taxi Driver, o diretor considerou que De Niro não seria psicótico o suficiente para o papel. Por outro lado, considerou Robin Williams demasiado psicótico após sua atuação em Mork & Mindy. De acordo com Stephen King, Kubrick também considerou brevemente Harrison Ford.
5 – O NÚMERO DO QUARTO FOI ALTERADO DE 217 PARA 237
Na versão literária, os eventos sinistros desenrolam-se no quarto 217, mas a administração do Hotel Timberline Lodge, onde algumas cenas foram filmadas, solicitou que o número fosse alterado para 237. Essa precaução foi tomada para evitar que os hóspedes evitassem o quarto 217, já que não havia um quarto com o número 237 no hotel. De maneira curiosa, o quarto 217 acabou se tornando o mais requisitado no local.
6 – DAN LLOYD NÃO SABIA QUE ESTAVA NUM FILME DE TERROR
Com o intuito de proteger o jovem ator Dan Lloyd, que na época tinha apenas 5 anos, Kubrick informou-lhe que o filme era um drama. Dan só teve a oportunidade de assistir à obra quando completou 16 anos e compartilhou que não a considerou assustadora, pois estava familiarizado com os bastidores da produção.
7 – CENA IMPROVISADA
Durante a icônica cena em que Jack Nicholson quebra a porta do banheiro com um machado, ele adicionou um momento memorável ao gritar “heeeere’s Johnny!”. Este bordão era utilizado por Ed McMahon no programa “The Tonight Show – Starring Johnny Carson” e não estava previsto no roteiro original.
8 – CENA FOI REPETIDA 127 VEZES
Durante as filmagens, o diretor foi conhecido por ser extremamente exigente com Shelley Duvall, resultando em sérios problemas de saúde devido ao estresse enfrentado pela atriz. Uma cena de discussão entre Wendy e Jack no filme entrou para o Guinness Book, pois foram necessárias incríveis 127 tomadas para ser gravada.
9 – SET PEGOU FOGO
Próximo ao término das filmagens, um incêndio devastou o estúdio onde o filme estava sendo gravado, resultando em perdas estimadas em U$ 2,5 milhões. Este incidente ficou marcado por uma famosa fotografia na qual Kubrick é visto rindo diante dos destroços, possivelmente porque na história original do filme o hotel realmente acaba incendiado.
10 – TONELADAS E TONELADAS DE SAL
Para construir o labirinto de inverno onde Jack persegue Danny, foram utilizadas impressionantes 900 toneladas de sal, juntamente com material de isopor.
11 – AS REFERÊNCIAS NO DESENHO TOY STORY
Um dos admiradores notáveis do filme de Kubrick é o diretor Lee Unkrich, conhecido por seu trabalho em filmes como “Toy Story 3”. Ele incorporou referências à obra em seu filme, incluindo um tapete reminiscente ao do Hotel Overlook. Além disso, Unkrich inseriu a placa do caminhão de lixo com a inscrição “RM237” e a cena de chat online em que um personagem se identifica como “Velocistar237”, em uma clara alusão ao misterioso quarto 237.
12 – FINAL DIFERENTE
Não é incomum que filmes tenham diferentes versões da cena final, porém Kubrick decidiu refazê-la após o primeiro fim de semana de exibição do filme. Embora a versão cinematográfica esteja perdida, o roteiro ainda está disponível. Nesta cena, ocorrida após a morte de Jack, Ullman visita Wendy no hospital e discute “as coisas que ela viu no hotel”. Segundo ele, a tenente investigou minuciosamente o local (o hotel) e não encontrou nada fora do comum. Por isso, Ullman sugere que ela e Danny passem um tempo com ele.
O filme conclui com um texto sobre fundo preto: “O Hotel Overlook sobreviveu a esta tragédia, como tantas outras. Continua a abrir todos os anos, de 20 de maio a 20 de setembro. Mas permanece fechado durante o inverno.”
Ao explorar as curiosidades por trás das câmeras do filme “O Iluminado”, somos levados a uma jornada fascinante através dos bastidores de uma das obras mais icônicas do cinema. Desde a meticulosa adaptação do livro de Stephen King pelo diretor Stanley Kubrick até os detalhes intrigantes que permeiam cada cena, é evidente que este filme vai muito além de ser apenas uma história de terror. As escolhas criativas, os desafios enfrentados durante as filmagens e as contribuições únicas do elenco e da equipe revelam a complexidade por trás da criação de uma obra-prima cinematográfica. “O Iluminado” não apenas assombra e fascina o público com sua trama arrepiante, mas também nos convida a mergulhar em um mundo de mistério, simbolismo e interpretação. Essas curiosidades nos lembram que, mesmo décadas após seu lançamento, a influência e o impacto deste filme continuam a ressoar no mundo do cinema, deixando-nos sempre com a sensação de que há mais a descobrir sobre os corredores sombrios do Hotel Overlook.