O filme “Halloween”, lançado em 1978, é uma obra icônica do gênero de terror que marcou gerações. Dirigido por John Carpenter, esse clássico cinematográfico não apenas definiu os padrões para futuros filmes de horror, mas também apresentou curiosidades fascinantes que permeiam sua produção.
Desde a escolha do famoso ator Nick Castle para interpretar o vilão Michael Myers até a icônica máscara do personagem, originalmente um simples molde de William Shatner, muitos detalhes nos bastidores contribuíram para a criação dessa obra-prima do suspense.
Nesta análise, exploraremos algumas das curiosidades mais interessantes por trás das câmeras que tornaram ‘Halloween’ um fenômeno cultural duradouro.
1 – A ESCALAÇÃO DE JAMIE LEE CURTIS
Com apenas 19 anos e uma experiência mínima como atriz, John Carpenter fez uma escolha ousada ao selecionar Jamie Lee Curtis como parte de sua homenagem ao renomado cineasta Alfred Hitchcock na produção de “Halloween”. Admirador dos clássicos de Hitchcock, como “Um Corpo Que Cai” (1958) e “Os Pássaros” (1963), Carpenter viu em Curtis a chance de reverenciar o mestre do suspense.
A conexão de Curtis com o universo de Hitchcock é ainda mais notável, sendo filha de Janet Leigh, a protagonista de “Psicose” (1960), um dos filmes mais marcantes da filmografia de Hitchcock. Essa ligação familiar foi determinante para Carpenter oferecer a Jamie o papel de Laurie Strode, a protagonista perseguida e inocente de “Halloween”.
2 – ATRIZ ACHOU QUE SERIA DEMITIDA
Apesar de ter iniciado sua carreira de forma discreta, participando de séries de televisão como “As Panteras”, “O Caso das Anáguas” e “Columbo”, Jamie Lee Curtis deu seus primeiros passos no mundo do cinema em “Halloween – A Noite do Terror”. A atriz admitiu posteriormente que esse novo desafio a deixou bastante insegura.
Após o término do primeiro dia de filmagem, Jamie voltou para casa desanimada com sua performance. Tempos depois, recebeu uma ligação de John Carpenter. Acreditando que seria demitida, ficou surpresa ao ouvir elogios do diretor, que expressou estar muito satisfeito com seu trabalho até então. Esse gesto de reconhecimento de Carpenter trouxe confiança à atriz para enfrentar os próximos dias de gravação.
3 – BILHETERIA MILIONÁRIA
“Halloween – A Noite de Terror” foi produzido com um orçamento modesto para os padrões da época, totalizando apenas US$300 mil para tirar o roteiro do papel. Apesar dos recursos limitados, o filme provou ser um sucesso estrondoso nas bilheterias. Com uma arrecadação superior a 70 milhões de dólares, tornou-se, durante muitos anos, o filme de terror independente mais rentável da história do cinema. Somente em 1999, esse recorde foi superado pelo lançamento de “A Bruxa de Blair”.
4 – CÂMERAS DE ÚLTIMA GERAÇÃO
Mesmo enfrentando restrições orçamentárias, John Carpenter optou por investir consideravelmente nas câmeras utilizadas em “Halloween”. Optando pelo equipamento de ponta da Panavision, que custava cerca de US$70 mil, quase um quarto do orçamento total da produção.
Destacando-se entre essas câmeras, a Panaglide era uma tecnologia distinta das tradicionais disponíveis no mercado. Enquanto a maioria das câmeras era fixa, a Panaglide permitia movimento. Essa inovação foi essencial para Carpenter criar uma experiência cinematográfica única, proporcionando ao público a sensação de explorar os cenários do filme, o que contribuiu significativamente para a imersão e o suspense da obra.
5 – A MÁSCARA ICÔNICA É DE OUTRO PERSONAGEM FAMOSO DO CINEMA
Enquanto a equipe de produção buscava uma identidade para “A Forma”, o nome pelo qual o assassino Michael Myers é conhecido, o editor e designer Tommy Lee Wallace recebeu a tarefa de encontrar a máscara perfeita para cobrir o rosto de Nick Castle, o intérprete do vilão.
Explorando a Hollywood Boulevard, Wallace visitou a Bert Wheeler Hollywood Magic, uma loja renomada por suas máscaras de látex monstruosas, especialmente populares na década de 60. Entre as opções, encontrou modelos baseados nos rostos do presidente Richard Nixon e do Sr. Spock, porém foi a máscara de James Tiberius Kirk, o capitão da USS Enterprise na série clássica “Star Trek”, que capturou sua atenção.
Após adquirir a máscara, Wallace realizou várias modificações, incluindo a pintura dos cabelos de castanho escuro, um novo corte e a aplicação de tinta branca no restante. Dessa forma, o rosto de Michael Myers se tornou uma adaptação dos traços do ator William Shatner.
6 – BASEADO EM FATOS REAIS
Antes de se tornar o assassino implacável que persegue Laurie Strode, Michael Myers passou anos de sua vida confinado em uma instituição, sob os cuidados do Dr. Sam Loomis (Donald Pleasence).
Essa concepção tem suas raízes nas lembranças pessoais de John Carpenter. Durante seus dias de faculdade, o cineasta fez uma visita a um hospital psiquiátrico, onde teve um encontro marcante com uma criança. Carpenter recorda que o olhar do menino foi penetrante, carregado de uma aura sinistra que o deixou profundamente perturbado. Essa sensação de medo e desconforto que experimentou na ocasião serviu de inspiração direta para a criação do personagem de Myers.
7 – PRECISAMOS DE ABÓBORAS
As celebrações do Halloween, cenário em que se desenrolam os eventos do filme, são repletas de símbolos nos Estados Unidos, e um dos mais emblemáticos são as abóboras. Era impensável realizar um filme sobre essa data sem a presença delas.
Contudo, as filmagens ocorreram durante a primavera, na Califórnia, época em que conseguir abóboras é uma tarefa árdua. Isso levou a equipe à beira do desespero. Com muito esforço, apenas três exemplares foram obtidos, e um deles precisava ser destruído em uma das cenas. Sob grande pressão, Carpenter conseguiu filmar a sequência em um único take, reunindo toda a equipe e elenco num momento de tensão que culminou em sucesso.
8 – TRILHA SONORA INESQUECÍVEL
Juntamente com sua esposa na época, Debra Hill, John Carpenter não apenas dirigiu e co-escreveu o roteiro de “Halloween – A Noite do Terror”, mas também fez outra contribuição marcante para a produção: ele compôs a trilha sonora inconfundível do filme.
A música, que emprega o incomum ritmo de 5/4, uma técnica musical que Carpenter aprendeu com seu pai, foi criada em apenas quatro dias. É, sem dúvida, uma das características mais assustadoras e reconhecíveis do filme.
9 – ASSASSINOS DE BABÁS
Certamente, “The Babysitter Murders” (Assassinos de Babás, em tradução livre) foi uma possibilidade para o título do filme.
De acordo com Irwin Yablans, produtor e distribuidor do filme, a ideia inicial para o roteiro surgiu dele e de sua esposa. Originalmente, os eventos planejados se estendiam por vários dias. Contudo, devido às restrições orçamentárias, Debra e John optaram por concentrar o terror em uma única noite. Essa decisão visava reduzir a necessidade de múltiplos figurinos e cenários, e o dia escolhido foi o Halloween. Foi assim que o título definitivo do projeto se estabeleceu.
10 – MIKE MYERS É UM NOME REAL
O nome Michael Myers tinha uma conexão curiosa com o filme “Assalto à 13ª DP” (1976), o segundo filme da carreira de John Carpenter, que era o nome do distribuidor do filme na Europa. O “Myers original” até inscreveu o filme em mostras competitivas, contribuindo para seu sucesso na Inglaterra, superando até mesmo sua recepção nos Estados Unidos.
Como forma de agradecimento por esse suporte, ainda que de maneira bastante peculiar, Carpenter decidiu nomear o vilão do seu próximo filme como Michael Myers.
No entanto, o verdadeiro Michael Myers não pareceu inicialmente satisfeito com a homenagem, e anos após o sucesso do filme, ele fez uma brincadeira sugerindo que a produção deveria pagar-lhe royalties pelo uso não autorizado de seu nome.
O filme “Halloween” de 1978 permanece não apenas como um clássico do gênero de terror, mas também como uma fonte inesgotável de curiosidades e detalhes fascinantes por trás das câmeras. Desde a escolha meticulosa da icônica máscara de Michael Myers até a inspiração para a trilha sonora assustadora composta por John Carpenter, cada aspecto da produção revela uma história intrigante. Através das reminiscências pessoais do diretor e das decisões criativas tomadas pela equipe, emergem elementos que contribuíram para a construção desse universo aterrorizante que perdura décadas após seu lançamento. “Halloween” não é apenas um filme, mas um fenômeno cultural que continua a cativar e a assombrar espectadores em todo o mundo, reforçando seu lugar como uma obra-prima do suspense cinematográfico.