🎥 10 Curiosidades do filme “Tubarão” (1975) que você não sabia!

Desde sua estreia em 1975, “Tubarão” se estabeleceu como um clássico do cinema, desencadeando tanto fascínio quanto terror nos espectadores com sua representação implacável de um dos predadores mais temidos dos oceanos. Por trás das cenas de suspense e tensão, há um fascinante conjunto de curiosidades que envolvem a produção deste icônico filme de Steven Spielberg. Desde os desafios enfrentados durante as filmagens até os impactos culturais duradouros que o filme teve, explorar essas curiosidades nos oferece uma perspectiva única sobre a criação de um dos filmes mais influentes da história do cinema.

1 – GRAVANDO EM ALTO MAR


A produção do filme teve início em maio de 1974 e enfrentou inúmeros desafios, tornando-se um verdadeiro calvário, sem a benevolência da meteorologia. Spielberg, então com 27 anos, recebeu críticas contundentes por optar por filmar a maior parte das cenas no Oceano Atlântico, enfrentando todas as adversidades e surpresas que o mar pode apresentar, em vez de utilizar um lago ou um tanque em Hollywood.


Apesar de todos os contratempos, o diretor nunca lamentou sua escolha. Segundo ele, “A água de um lago ou de um tanque não possui a mesma qualidade e intensidade do oceano, e esta história precisava transmitir convincentemente o terror de um tubarão branco gigante, caso contrário, ninguém acreditaria nela”, como afirmou no documentário “Jaws, the Inside Story”, produzido por ocasião do 35º aniversário do filme.

2 – AS GRAVAÇÕES FORAM UM INFERNO


Descrever os desafios de produção do filme como simples dores de cabeça seria minimizar grandemente a situação. Como o diretor menciona no mesmo documentário, “Tubarão” foi ao mesmo tempo a melhor e a pior experiência de sua vida. Além de lidar com o enjoo da equipe em mar aberto e esperar que os barcos à vela saíssem do horizonte enquanto lutavam contra as correntes, a produção enfrentou o enorme problema de um tubarão mecânico, construído especialmente para a história, que estava constantemente quebrando.


Houve dias em que apenas alguns segundos de filmagem foram aproveitados, levando a equipe a apelidar o filme de “Flaws” (falhas), em vez de “Jaws” (mandíbulas), e Spielberg a chamar a equipe técnica de “departamento de defeitos especiais”.

3 – OS ATRASOS AJUDARAM O FILME SER ÉPICO


Os planos iniciais foram completamente descartados, e o orçamento inicial de cerca de quatro milhões de dólares, juntamente com o cronograma de filmagens de 55 dias, foram drasticamente ultrapassados, triplicando. De maneira irônica, isso acabou sendo uma bênção disfarçada. Devido aos atrasos, não só o roteiro pôde ser refinado, mas Spielberg foi compelido a usar mais cenas que sugeriam a presença do tubarão sem mostrá-lo, intensificando assim o suspense do filme. Como observado no livro dedicado ao diretor na Coleção Grandes Realizadores da Cahiers du Cinéma, esta é a essência do filme: “Tubarão é um exemplo de precisão e eficácia, um jogo provocativo com as fobias universais associadas ao perigo escondido sob as águas”.


O próprio diretor comentou em várias entrevistas: “O fato de o tubarão não ter funcionado transformou ‘Jaws’ de um típico filme de terror japonês de sábado à tarde em um thriller à Hitchcock. O que não vemos é o que realmente assusta.”

4 – SPIELBERG NÃO ESTAVA PRESENTE NO ÚLTIMO DIA DE GRAVAÇÃO


Antes de ver o produto final, o diretor Steven Spielberg estava tão apreensivo com a possibilidade de sua equipe ficar insatisfeita após meses presos em uma ilha que ele optou por não estar presente na filmagem da última cena. Quando questionado sobre sua ausência, Spielberg confessou que temia ser literalmente jogado ao mar assim que o diretor de fotografia gritasse “corta” pela última vez.


Embora os motivos não tenham sido os mais louváveis, essa situação acabou dando origem a uma tradição: em muitos de seus filmes subsequentes, Spielberg optou por se ausentar da cena final.

5 – TODO MUNDO PROIBIDO DE USAR ROUPA VERMELHA


A ilha em questão era Martha’s Vineyard, um enclave ao largo de Massachusetts que, até o verão de 1975, era conhecido como um refúgio idílico, frequentado pela família Kennedy em momentos de descanso. Spielberg transformou esse paraíso costeiro em um cenário beira-mar de terror quando o escolheu como localização para Amity, a ilha fictícia do filme. Entre as razões para essa escolha estava a profundidade do mar e um fundo de areia que permitia filmar até 19 quilômetros mar adentro, cena após cena, com um tubarão-robô descansando no fundo e sem nenhuma faixa de terra à vista.


Com seu porto marítimo e pitorescas casas de madeira, Martha’s Vineyard era o local perfeito para recriar a atmosfera tranquila da história. No entanto, havia uma condição fundamental, imposta pelo diretor ao departamento de arte: evitar o uso da cor vermelha tanto no cenário quanto nos trajes, para que o sangue resultante dos ataques do tubarão tivesse um impacto ainda maior.

6 – TUBARÕES MECÂNICOS


Na trama, o medo é incitado por um tubarão branco de aproximadamente oito metros de comprimento. No entanto, na realidade, não era apenas um, mas três tubarões mecânicos que desempenhavam o papel, controlados por meio de um intrincado sistema de polias conectado a uma espécie de embarcação tão cheia de equipamentos que era apelidada de “venda de garagem”. Além das barbatanas e de uma cabeça, havia uma metade direita do tubarão, oca do outro lado, uma metade esquerda para cobrir essa parte, e um tubarão completo. Todos foram desenvolvidos por uma equipe de efeitos especiais sob a supervisão de Bob Mattey, conhecido por sua experiência em criaturas marinhas após criar a lula gigante no filme “20.000 Léguas Submarinas”.


Embora ameaçador para os espectadores, entre a equipe de produção, o predador era carinhosamente chamado pelo primeiro nome, como se fosse um animal de estimação. O nome escolhido foi Bruce, em homenagem ao advogado de Spielberg, Bruce Raimer, conhecido como um “tubarão” dos tribunais, que até hoje continua a defender Spielberg.

7 – BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL


Benchley concebeu o thriller após se deparar com a notícia sobre um pescador chamado Frank Mundus, que capturou um tubarão branco de duas toneladas próximo às praias de Long Island, em 1964. O autor acabou se tornando bastante envolvido na produção do filme: ele contribuiu como co-roteirista da adaptação para o cinema e também fez uma breve aparição como ator, interpretando o papel do repórter Alan Cray.

8 – A FRASE ICÔNICA FOI TOTALMENTE IMPROVISADA


Uma das linhas mais icônicas do filme: “You’re gonna need a bigger boat” (você vai precisar de um barco maior), proferida pelo chefe de polícia Brody ao ver o tubarão pela primeira vez, na verdade, foi improvisada por Roy Scheider, o ator que interpreta a personagem, pois não estava no roteiro. “Essa fala tornou-se parte do vocabulário das pessoas quando confrontam um desafio insuperável”, afirmou o ator no documentário “The Making of Jaws”.

9 – O PRIMEIRO BLOCKBUSTER DO CINEMA


Após sua estreia em 20 de junho de 1975, “Tubarão” foi um sucesso fenomenal, tanto que foi destaque na capa da revista Time de 23 de junho de 1975, sob o título “Super Shark”. Com apenas 28 anos, Spielberg foi aclamado como o rei de Hollywood e deixou uma marca indelével, mudando para sempre a forma como as pessoas encaravam o mar. Quatro décadas depois, a percepção do filme também evoluiu. Como observado pela Cahiers du Cinéma: “O que é surpreendente ao assistirmos ‘Tubarão’ hoje é que este filme, que definiu o conceito de blockbuster, não se assemelha em nada a uma superprodução, mas sim a um filme B muito bem executado.”


Apesar do enorme sucesso, Spielberg mesmo assim descreveu o filme como “simples”. Em uma entrevista à revista Sight and Sound em 1977, o diretor afirmou: “Com ‘Tubarão’, meu objetivo era criar um filme que impactasse o público de duas maneiras: primeiro com pânico, depois com suspense. Nunca busquei algo além disso. (…) Às vezes, sacrifico completamente o estilo em favor do conteúdo. Para mim, ‘Tubarão’ não possui estilo. Ele se resume ao conteúdo e à experiência. (…) Ao revê-lo, percebi que era o filme mais simplório que já vi em minha vida. Trata-se apenas de movimento, suspense e medo.”

10 – A INESQUECÍVEL TRILHA SONORA


A trilha sonora desempenhou um papel crucial na criação da atmosfera de suspense, e John Williams foi agraciado com um Oscar por sua contribuição. O compositor transformou a presença do tubarão em um tema caracterizado por tons baixos e graves repetidos, tirados “do fundo da orquestra”, para “expressar o ataque irracional e instintivo do tubarão”. “Essa criatura nos ataca, e não podemos enfrentá-la sem destruí-la, devido ao seu impulso implacável”, explicou o músico no documentário “Jaws, the Inside Story”.


Em suma, o filme “Tubarão” de 1975 não é apenas uma obra cinematográfica icônica que desencadeou uma onda de terror e suspense, mas também um marco na história do cinema. Ao explorar as curiosidades por trás da produção, desde os desafios enfrentados durante as filmagens até os elementos que contribuíram para seu sucesso duradouro, podemos apreciar a genialidade de Spielberg e de toda a equipe envolvida. Desde a escolha corajosa de filmar em alto mar até a improvisação de diálogos memoráveis, “Tubarão” se estabelece como um exemplo notável de como o talento, a criatividade e a determinação podem superar até os maiores obstáculos. Quatro décadas após seu lançamento, o impacto e a influência deste filme continuam a ressoar, cativando audiências e inspirando gerações de cineastas. Em última análise, “Tubarão” não é apenas um filme; é um fenômeno cultural que deixou uma marca indelével na história do cinema.

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