🎥 12 Curiosidades do filme “Os Pássaros” (1963) que você não sabia!

Lançado em 1963, “Os Pássaros”, dirigido por Alfred Hitchcock, é um dos maiores clássicos do cinema de suspense e terror psicológico. Com uma trama inovadora que mistura o terror natural e o psicológico, o filme marca um dos momentos mais icônicos da carreira de Hitchcock, apresentando uma ameaça inexplicável e aterrorizante: aves atacando seres humanos de forma aparentemente irracional.

A produção, baseada no conto homônimo de Daphne du Maurier, não só revolucionou o gênero, como também desafiou as convenções de efeitos especiais da época, criando sequências memoráveis e cenas de tensão imbatível. Além de sua narrativa perturbadora, o filme também introduziu técnicas cinematográficas inovadoras e contou com a participação de Tippi Hedren em seu primeiro grande papel, interpretando Melanie Daniels.

A obra continua a influenciar cineastas e a fascinar espectadores, mantendo sua relevância mais de seis décadas após seu lançamento.

1 – BASEADO EM UM LIVRO

O filme “Os Pássaros” é inspirado no conto homônimo de Daphne du Maurier, publicado em 1952. Hitchcock, conhecido por suas adaptações de obras literárias, escolheu este conto para explorar o medo coletivo e a natureza imprevisível dos ataques de aves, uma temática que fascinava o diretor.

Enquanto o conto de Daphne du Maurier foca em ataques de aves em uma pequena cidade costeira, o filme de Hitchcock adiciona vários elementos de suspense psicológico. O enredo é expandido, com personagens mais desenvolvidos e cenários distintos, além de uma atmosfera de terror crescente e inexplicável.

2 – EFEITOS PRÁTICOS

Para os ataques de pássaros, Hitchcock usou uma combinação de efeitos práticos e animações. Em vez de CGI, ele utilizou aves reais filmadas em estúdios e manipuladas em diversas cenas. Isso gerou uma sensação de realismo, mas também causou dificuldades nos bastidores, com algumas aves se tornando imprevisíveis.

3 – NÃO TEM TRILHA SONORA

Três anos após dirigir “Psicose”, que ficou conhecido também pela sua icônica trilha sonora, Alfred Hitchcock tomou a ousada decisão de não usar música, o que contribuiu significativamente para a atmosfera tensa e aterrorizante da obra. Em vez de trilha sonora, o diretor optou por criar uma paisagem sonora única, com sons perturbadores e naturais, como o barulho de pássaros, gritos e vento, que aumentam a sensação de desconforto e suspense.

A ausência de música clássica intensifica o impacto emocional das cenas, tornando os momentos de ataque ainda mais inquietantes e imprevisíveis. Hitchcock acreditava que a música poderia suavizar a tensão, e sua escolha inovadora reforçou a ideia de que o perigo estava em toda parte, silencioso e iminente.

Essa abordagem ousada ajudou a transformar “Os Pássaros” em um dos maiores clássicos do gênero terror psicológico, evidenciando a genialidade do diretor em manipular a percepção do público.

4 – AS CORES

Hitchcock foi mestre na utilização da cor para reforçar emoções. Em “Os Pássaros”, ele usou tons de verde e azul para as roupas de Melanie, refletindo seu papel como um personagem vulnerável e isolado. Essas cores contrastam com o tom ameaçador dos pássaros.

5 – PÁSSAROS MECÂNICOS E DE VERDADE

A cena do ataque dos pássaros na escola é um dos momentos mais icônicos do filme e exemplifica a inovação técnica de Alfred Hitchcock. Em vez de recorrer a animações ou efeitos digitais, os pássaros eram em grande parte animais reais treinados para atacar, e eram filmados de maneira a criar um clima de caos crescente.

Para algumas cenas, usaram-se mecânicos e modelos de pássaros, além de gravações de sons de aves para aumentar o impacto sensorial.

6 – ORÇAMENTO E BILHETERIA

“Os Pássaros” foi considerado de baixo orçamento em comparação com outras produções de Hitchcock, mas seu sucesso o consolidou como um marco no cinema de terror psicológico. Com um orçamento de US$3,3 milhões de dólares, ele arrecadou incríveis US$60 milhões ao redor do mundo.

7 – O FILME SE TORNOU UM CLÁSSICO CULT COM O TEMPO

Na época do lançamento, “Os Pássaros” teve uma recepção mista. Alguns críticos acharam o filme confuso ou excessivamente focado no terror sem uma explicação clara. No entanto, com o tempo, o filme se tornou um clássico cult e é amplamente considerado um dos maiores filmes de Hitchcock, sendo admirado por sua atmosfera única.

8 – UM FINAL SEM EXPLICAÇÃO

O diretor Alfred Hitchcock opta por não explicar o motivo dos ataques dos pássaros, o que intensifica a sensação de mistério e terror. Ao deixar esse aspecto sem explicação, Hitchcock evita a banalização do medo e mantém o foco no psicológico, criando uma atmosfera de incerteza.

A ausência de uma justificativa para o comportamento dos pássaros reflete a ideia de que o mal ou o perigo pode surgir sem motivo aparente, um conceito profundamente perturbado. Isso gera uma tensão crescente, já que os personagens e o público são levados a enfrentar algo completamente fora de seu controle ou entendimento.

9 – TIPPI HEDREN SOFREU ASSÉDIO E HUMILHAÇÃO NAS MÃOS DE ALFRED HITCHCOCK

O filme foi responsável por lançar a carreira de Tippi Hedren no cinema, depois que Hitchcock a viu em um comercial de TV no qual ela não falava. Contudo, em seu livro “Tippi: A Memoir”, publicado em 2016, a atriz contou que aqueles foram os piores anos da sua vida. Tippi assinou um acordo que dava a Hitchcock o controle sobre sua imagem por sete longos anos.

Durante as filmagens de “Os Pássaros”, o diretor estabeleceu longas jornadas de trabalho, com até 18 horas por dia e apenas uma tarde livre por semana. À medida que Tippi perdia peso devido ao excesso de trabalho, Hitchcock começou a enviar-lhe cestas de pão com o bilhete “Coma-me”. Ela era forçada a comer cada pão antes de deixar o camarim, muitas vezes sendo observada por ele de forma invasiva.

Como se não fosse suficiente, Hitchcock passou a assediá-la sexualmente de várias maneiras, incluindo abraços inadequados, toques invasivos e beijos sem consentimento. A situação se tornou tão insustentável que Tippi procurou Alma Reville, esposa de Hitchcock, e contou tudo, pedindo que ela interviesse. No entanto, Alma simplesmente saiu sem dizer uma palavra.

10 – A CENA FINAL DO ATAQUE FOI FEITA COM PÁSSAROS DE VERDADE

Hitchcock instruiu toda a equipe técnica de “Os Pássaros” a hostilizar Tippi Hedren de maneira brutal e agressiva, com o objetivo de fazer seu medo e tristeza parecerem mais “realistas” nas filmagens.

A jovem atriz foi vítima de abusos verbais e físicos, tanto durante as gravações quanto nos bastidores, por parte de seus colegas de trabalho. A obsessão do diretor chegou a um ponto extremo quando ele decidiu causar dor real em Tippi com os próprios pássaros que estavam no filme.

Hitchcock mentiu para a atriz, dizendo que os corvos usados na famosa cena do ataque no sótão eram mecânicos. No entanto, os pássaros foram soltos diretamente em seu rosto, resultando em uma gravação marcada por sua agonia genuína. Tippi sofreu ferimentos graves no couro cabeludo, nas bochechas e até nos olhos. Para que o take fosse perfeito, ela teve que suportar essa tortura por cinco longos dias, até que sua resistência física e emocional colapsou, após um pássaro perfurar uma das pálpebras de seu olho.

A lesão causou um colapso nervoso completo em Tippi, que foi afastada por uma semana por recomendação médica para se recuperar. Tudo isso aconteceu para que a cena perturbadora fosse usada por apenas um minuto no corte final do filme. E como se não fosse suficiente, durante as filmagens da cena da cabine telefônica, Tippi teve um painel de vidro estourado a poucos centímetros de seu rosto, deixando fragmentos e cacos de vidro alojados na sua bochecha esquerda e no nariz, que precisaram ser removidos. Tudo isso foi totalmente desnecessário, pois Hitchcock e sua equipe poderiam ter usado vidros especialmente projetados que quebram facilmente, como o “sugar glass” (vidro de açúcar), que é um material mais leve e seguro para simular vidro quebrando, inventado nos anos 30 para ser usado no cinema.

“Os Pássaros” de 1963 permanece uma obra-prima cinematográfica, não apenas por sua inovação no gênero de suspense e terror, mas também pela forma como Alfred Hitchcock explorou temas de medo, controle e a imprevisibilidade da natureza. A escolha de um cenário aparentemente pacífico, como a cidade litorânea de Bodega Bay, amplifica o impacto das invasões de pássaros, que, ao invés de serem explicados, permanecem misteriosos e assustadores.

A icônica performance de Tippi Hedren fortalece a atmosfera de tensão constante que marca o filme. “Os Pássaros” influenciou gerações de cineastas e continua a ser objeto de análise, tanto pelo seu conteúdo perturbador quanto pela maestria de Hitchcock em manipular a audiência.

O filme ainda é um marco na história do cinema, reafirmando seu status como uma das maiores obras do suspense psicológico.

Veja a nossa análise sobre o filme “Os Pássaros” no Ala 27 Brasil no YouTube:

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