🎥 5 Curiosidades do filme “Ainda Estou Aqui” (2024) que você não sabia!
Fernanda Torres e o diretor Walter Salles trabalharam juntos em 1995, no filme “Terra Estrangeira”, que conquistou o prêmio de Melhor Roteiro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Esse projeto também foi o precursor da colaboração duradoura entre o cineasta e a mãe de Fernanda, a renomada atriz Fernanda Montenegro.
Em 2024, os três se reúnem novamente para trabalhar juntos em um filme cheio de significados. “Ainda Estou Aqui”, que conta com outro grande nome do cinema brasileiro em seu elenco: Selton Mello.
Produzido como uma co-produção Brasil-França, “Ainda Estou Aqui” é o primeiro filme original do Globoplay. O roteiro é assinado por Mutilo Hauser e Heitor Lorega, e a trama nos leva a refletir sobre o passado e o presente, explorando as experiências de quem enfrenta uma perda em um período de exceção.
O sucesso do longa atravessou o Brasil e foi para o exterior, fazendo a atriz Fernanda Torres ganhar o Globo de Ouro por Melhor Atriz em Filme de Drama, 26 anos após sua mãe, Fernanda Montenegro, ter ganhado a mesma categoria pelo aclamadíssimo “Central do Brasil”.
Vamos ver curiosidades deste já clássico filme brasileiro:
1 – UMA TRISTE HISTÓRIA REAL
Em “Ainda Estou Aqui”, somos imersos em uma narrativa dramática ambientada na década de 1970. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o enredo retrata como os episódios de violência perpetrados pela ditadura militar alteraram para sempre a trajetória da família Paiva.
A mãe, Eunice, interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, tem sua vida marcada tanto pela atuação política, sendo uma ativista dos direitos humanos, quanto pela luta contra o Alzheimer.
Após a morte de seu marido, que foi preso e torturado por agentes do regime militar, Eunice segue a carreira de advogada. Rubens Paiva, o pai de Marcelo, era acusado de manter vínculos com membros do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi levado de casa, no Leblon, sob escolta. Nunca mais foi visto. A versão oficial afirmava que ele teria fugido com os comunistas, mas, nos bastidores, soube-se que ele foi brutalmente torturado até a morte na madrugada seguinte à prisão.
Dessa forma, será por meio da trajetória dessa esposa sobrevivente que passado e presente se entrelaçam, destacando a importância da memória.
2 – “AINDA ESTOU AQUI” É UM DESABAFO DA FAMÍLIA PAIVA
“Com o tempo, percebi que a verdadeira heroína dessa história é minha mãe”, declarou Marcelo Paiva em uma entrevista à revista Época, em 2015. “Agora que ela sofre de Alzheimer, achei que era o momento de preservar essas memórias”.
Marcelo Paiva é um autor de destaque no cenário literário brasileiro, e seu primeiro livro, “Feliz Ano Velho”, se tornou a obra mais vendida do Brasil na década de 1980, além de conquistar o Prêmio Jabuti, o mais renomado prêmio literário do país.
“Ainda Estou Aqui” é também uma obra sobre permanência, construída por meio de desabafos que formam um segundo capítulo autobiográfico na sua trajetória. Como ele próprio diz: “Nos livros, uso a ficção para falar de mim. Agora, achei que era hora de atualizar a história do desaparecimento do meu pai, contando-a com as informações que temos. Em 1982, quando escrevi ‘Feliz Ano Velho’, ainda vivíamos sob o regime militar. Não sabíamos o que tinha acontecido. As informações só surgiram depois da abertura política, especialmente com a Comissão da Verdade, em 2014”.
“Ter um livro adaptado por Walter Salles, que conheceu minha família e viveu aquele período como testemunha, é uma grande honra para nós”, acrescenta.
3 – CONTANDO HISTÓRIAS DE MULHERES FORTES
O livro e o filme podem ser interpretados como uma narrativa sobre a reconstrução da memória pessoal de uma mulher, que se entrelaça com a busca pela restauração da memória de um país, o Brasil. Esse vínculo entre o pessoal e o coletivo é uma das principais razões pelas quais o diretor Salles se dedicou a esse projeto. A busca da família Paiva se funde com a luta pela redemocratização do Brasil, afirma ele.
Quando se fala de mulheres fortes e da reconstrução do Brasil, o diretor realmente compreende o tema. Em 1999, ele firmou uma parceria importante com Montenegro, oferecendo-lhe o papel de Dora no filme “Central do Brasil”. No enredo, uma professora frustrada ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas em uma estação de trem. Ela acumula o dinheiro sem enviar as cartas, até que um menino de nove anos, chamado Josué, a procura com a mãe. Após a morte da mulher em um acidente de ônibus, ele fica desamparado. Mesmo relutante em ficar com ele, Dora compreende a gravidade da situação e decide embarcar com o garoto rumo ao interior do Nordeste, onde vive o pai do menino, a quem ele nunca conheceu.
O filme conquistou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, e Salles recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. Montenegro, por sua vez, perdeu o prêmio de Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow – uma decepção para o Brasil. Foi a primeira vez que uma atriz brasileira chegou à disputa por um prêmio tão prestigiado… Aquele Oscar deveria ter sido dela.
4 – FERNANDA TORRES, FERNANDA MONTENEGRO E SELTON MELLO JÁ TRABALHARAM JUNTOS NA TV E NO CINEMA
O rosto de Torres sempre esteve em destaque nas grandes produções. Além de brilhar no teatro, na TV e no cinema, a “nepobaby” mais querida e talentosa do Brasil também construiu uma carreira de sucesso na literatura. Recentemente, a série “Fim”, baseada no livro de sua autoria, foi adaptada a pedido do Globoplay.
Ela também se destacou com a publicação de “A Glória e Seu Cortejo de Horrores”, ambos lançados pela Companhia das Letras. Seu trabalho mais recente no audiovisual, no entanto, foi em “Os Outros”, uma produção da mesma plataforma que se passa em um condomínio de luxo, recheado de intrigas.
Por sua vez, Selton Mello, que no filme “Ainda Estou Aqui” interpreta Rubens, o pai desaparecido de Marcelo, estreou nos cinemas com o retorno ao papel de Chicó no filme “O Auto da Compadecida 2”.
Baseado na obra de Ariano Suassuna, o projeto original, por curiosidade, teve a personagem de Nossa Senhora Aparecida eternizada por Fernanda Montenegro.
Lembrando que Selton Mello e Fernanda Torres trabalharam juntos por muitos anos na incrível série de sucesso “Os Normais” da TV Globo.
5 – FERNANDA TORRES FOI A PRIMEIRA ATRIZ BRASILEIRA A GANHAR O GLOBO DE OURO
A atriz brasileira Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama em 2025 por sua performance em “Ainda Estou Aqui”. Essa vitória é histórica, sendo a primeira vez que o Brasil conquista o prêmio nesta categoria. Fernanda disputava com Nicole Kidman (“Babygirl”), Angelina Jolie (“Maria Callas”), Kate Winslet (“Lee”), Tilda Swinton (“O Quarto ao Lado”) e Pamela Anderson (“The Last Showgirl”).
Em “Ainda Estou Aqui”, uma produção original do Globoplay dirigida por Walter Salles, a atriz interpreta Eunice Paiva, uma advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. A trama relata a busca de Eunice durante 40 anos pela verdade sobre seu marido, Rubens (vivido por Selton Mello), que desapareceu durante a ditadura militar no Brasil.
Essa é a primeira vitória brasileira no Globo de Ouro desde 1999, quando “Central do Brasil” foi premiado como Melhor Filme em Língua Estrangeira. O filme de 1998 é protagonizado por Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, que também participa de “Ainda Estou Aqui”.
Ao receber o prêmio das mãos da atriz Viola Davis, Fernanda dedicou a conquista à sua mãe: “Quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia… Ela estava aqui há 25 anos. Isso é uma prova de que a arte pode permanecer na vida das pessoas, mesmo em momentos difíceis, como os que Eunice Paiva viveu”.
“Enquanto vemos tanto medo no mundo, esse filme nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos difíceis como esses”, continuou a atriz, fazendo também um agradecimento a Walter Salles, diretor de “Ainda Estou Aqui” e “Central do Brasil”: “Que história, Walter!”, celebrou a atriz.
CONCLUSÃO
“Ainda Estou Aqui” é uma obra marcante do cinema brasileiro que, com uma narrativa envolvente e personagens cativantes, consegue abordar questões universais como o luto, a busca por identidade e a superação de adversidades. Através de sua trama emocional e visualmente impactante, o filme mergulha nas complexidades da vida cotidiana, enquanto explora as emoções e desafios dos protagonistas.
Ao unir aspectos da cultura brasileira com uma abordagem universal, “Ainda Estou Aqui” contribui para a consolidação do cinema nacional como um importante veículo de expressão artística e reflexão social.
Em resumo, o filme não só celebra a capacidade humana de seguir em frente, mas também convida os espectadores a refletirem sobre seus próprios processos de crescimento e resiliência.