Como as Franquias de Cinema Mudaram a Experiência de Ir ao Cinema

Introdução

Nos últimos anos, as franquias de cinema dominaram a indústria cinematográfica, transformando a forma como os filmes são produzidos, consumidos e, principalmente, como o público vivencia a experiência de ir ao cinema. Se antes, o cinema era sinônimo de uma experiência única e muitas vezes solitária, hoje ele se tornou parte de um ecossistema expansivo que envolve personagens conhecidos, universos complexos e, muitas vezes, a expectativa de novas sequências e spin-offs. As franquias não são apenas uma tendência de bilheteira, mas também um fenômeno cultural que redefiniu os padrões do entretenimento global. Neste artigo, vamos explorar como as franquias de cinema mudaram a maneira de ir ao cinema, abordando os aspectos históricos, econômicos e emocionais dessa revolução.

1. O Surgimento das Franquias e o Impacto Inicial no Cinema

O conceito de franquia no cinema não é algo novo, mas foi a partir dos anos 70 e 80 que ele realmente começou a ganhar força. O exemplo mais claro é a franquia “Star Wars“, que estreou em 1977 e rapidamente se tornou um fenômeno global. Não se tratava apenas de um filme isolado, mas de uma série planejada com continuações, personagens icônicos e um mundo fictício vasto que incentivava o público a voltar ao cinema para descobrir mais. A mesma fórmula foi seguida por outras franquias de sucesso como “Indiana Jones“, “Jurassic Park“, “Harry Potter“, “Superman“, “Brinquedo Assassino“, “Sexta-Feira 13″, “A Hora do Pesadelo“, e muito mais.

Essas franquias estabeleceram o modelo que seria imitado ao longo das décadas seguintes, criando uma experiência no cinema que não se limitava à exibição de um único filme, mas que se expandia com o tempo. O lançamento de uma sequência ou prequela se tornou uma estratégia para manter o público engajado e garantir uma continuidade de interesse.

2. A Era das Superproduções e o Dominio das Bilheteiras

Com o crescimento das franquias, também cresceu a escala dos filmes produzidos. A chegada de filmes como “James Bond” e as sagas dos super-heróis, como “O Universo Cinematográfico Marvel (MCU)“, introduziu um novo tipo de cinema, altamente dependente de efeitos especiais, marketing massivo e uma narrativa interligada entre múltiplos filmes. As franquias não eram mais apenas um meio de continuidade narrativa, mas uma máquina de fazer dinheiro, com orçamentos cada vez mais altos e resultados financeiros impressionantes.

O modelo de superprodução de franquias transformou a experiência de ir ao cinema. As estreias desses filmes se tornaram eventos globais, com fãs ao redor do mundo esperando ansiosamente pelo lançamento, comprando ingressos com meses de antecedência, e muitas vezes assistindo a pré-estreias ou maratonas de filmes anteriores.

Esse fenômeno também levou à multiplicação de cinemas e salas de exibição, já que as produções multimilionárias precisavam de várias telas para satisfazer a demanda dos fãs. O cinema se transformou em uma experiência coletiva de massa, onde a espera pela estreia de um filme e o compartilhamento da vivência no cinema se tornaram tão importantes quanto o próprio conteúdo do filme.

3. O Efeito das Franquias na Experiência Cinematográfica

A experiência de ir ao cinema mudou profundamente com a ascensão das franquias, em parte devido à enorme ênfase no “evento cinematográfico”. Antigamente, o ato de ir ao cinema era algo simples, muitas vezes espontâneo, sem grandes expectativas em relação a como o filme se encaixaria em um contexto mais amplo. Com o aumento das franquias, os espectadores passaram a ter uma compreensão de que cada filme poderia ser apenas uma peça de um quebra-cabeça maior.

A introdução de “universos cinematográficos” interconectados, como o “MCU” ou o “DC Extended Universe (DCEU)“, exigiu que os espectadores se envolvessem mais profundamente com o conteúdo. Não era mais suficiente assistir a um único filme de uma franquia — era preciso seguir todos os filmes, prestar atenção aos detalhes e até mesmo interagir com o material extra, como séries de TV, livros e quadrinhos que expandem os enredos principais. O cinema, nesse contexto, deixou de ser uma experiência isolada e passou a se tornar parte de uma jornada mais ampla.

Além disso, a popularização de franquias incentivou a evolução dos formatos de exibição. O 3D, as telas IMAX e as salas de cinema premium, como as que oferecem poltronas reclináveis e serviços de alimentação gourmet, se tornaram uma extensão natural dessa nova experiência cinematográfica. A busca por imersão e por uma experiência sensorial mais rica também foi impulsionada pela necessidade de criar um ambiente único para os fãs de franquias. Para um filme de grande franquia, como “Vingadores: Ultimato“, a tela grande e o áudio de alta qualidade se tornaram indispensáveis.

4. A Cultura de Fandom e o Impacto das Redes Sociais

Outro fator que influenciou diretamente a experiência de ir ao cinema foi o papel das franquias na cultura de fandom, algo que foi enormemente ampliado com a ascensão das redes sociais. Antes das franquias de cinema, as experiências de fãs eram limitadas a círculos sociais e clubes de cinema. Mas com o advento de plataformas como Twitter, Instagram, YouTube e TikTok, os fãs de franquias puderam criar comunidades globais, onde discutiam teorias, compartilhavam suas opiniões sobre os filmes e até mesmo criavam conteúdo relacionado às suas franquias favoritas.

O próprio ato de ir ao cinema começou a ser envolvido por essa cultura de fandom. Não era mais apenas uma ida ao cinema, mas uma oportunidade de fazer parte de uma conversa global. O uso de hashtags para acompanhar estreias, a criação de memes e spoilers, e até mesmo a antecipação de postagens durante e após as sessões de cinema, tornaram-se uma extensão natural da experiência de ir ao cinema.

Essa interação nas redes sociais também gerou um fenômeno de feedback instantâneo, no qual os filmes de franquias são discutidos em tempo real, com os estúdios frequentemente reagindo e ajustando as narrativas em filmes subsequentes com base nas reações do público. Isso é particularmente evidente no MCU, onde os filmes são projetados para despertar discussões e teorias que se estendem por anos.

5. A Comercialização e os Produtos Derivados

A evolução das franquias de cinema também trouxe consigo a proliferação de produtos licenciados e derivados. Os fãs de franquias passaram a consumir não apenas os filmes, mas uma infinidade de outros produtos relacionados: brinquedos, roupas, videogames, livros e até experiências imersivas como parques temáticos e exposições. A ida ao cinema, portanto, passou a ser parte de um consumo cultural muito maior, onde os fãs são convidados a investir não apenas em ingressos, mas também em toda uma gama de produtos que mantém a chama da franquia acesa entre os lançamentos de filmes.

O marketing das franquias de cinema, impulsionado pela venda de produtos derivados, também mudou a experiência do público. Promoções cruzadas entre marcas e filmes, trailers de lançamento, pré-vendas de ingressos e merchandise exclusivo se tornaram parte da estratégia para engajar o público antes, durante e após o lançamento do filme.

6. O Futuro das Franquias e a Evolução da Experiência Cinematográfica

O futuro das franquias de cinema promete continuar moldando a experiência de ir ao cinema. O aumento das plataformas de streaming, como Disney+ e HBO Max, também criou um novo tipo de experiência cinematográfica, onde filmes de franquias podem ser lançados diretamente para o público em casa, alterando o comportamento de consumo de cinema.

Porém, mesmo com a ascensão dos streamings, a experiência de cinema ainda mantém seu charme, especialmente para filmes de grandes franquias. A expectativa de grandes estreias, o ritual de ir ao cinema, e a experiência coletiva de assistir a um filme de uma franquia ainda são fatores que atraem milhões de espectadores ao redor do mundo. Mesmo com a pandemia e os desafios econômicos, os filmes de franquias continuaram a provar seu poder de atração nas bilheteiras.

Conclusão

As franquias de cinema mudaram de forma significativa a experiência de ir ao cinema, transformando-a de uma atividade ocasional em um evento global e interconectado. Elas criaram novos modelos de produção, marketing e consumo, oferecendo aos fãs uma experiência imersiva que vai além da tela grande.

As franquias não são apenas um reflexo do que o público quer assistir, mas também do que ele deseja vivenciar, consumir e interagir. À medida que o futuro do cinema evolui, é certo que as franquias continuarão a desempenhar um papel central na definição de como nos relacionamos com o cinema e com a cultura pop de forma mais ampla.

VEJA TAMBÉM:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *