A História Não Contada dos Dublês e Seus Feitos Mais Perigosos no Cinema
Introdução
O cinema tem o poder único de nos transportar para mundos extraordinários, repletos de aventura, suspense e cenas eletrizantes que desafiam os limites da imaginação. A cada salto ousado de um arranha-céu, perseguição frenética em alta velocidade ou explosão grandiosa, o público se vê imerso em narrativas que parecem quase mágicas.
No entanto, por trás de toda essa adrenalina, existem profissionais cuja coragem e habilidade tornam essas cenas possíveis: os dublês. Esses artistas do perigo dedicam suas carreiras a executar manobras arriscadas, muitas vezes colocando suas próprias vidas em risco para garantir o realismo e o impacto visual das produções cinematográficas. Apesar de sua importância crucial para a indústria, os dublês raramente recebem o reconhecimento que merecem, permanecendo nos bastidores enquanto os atores principais colhem os aplausos.
A profissão exige um treinamento rigoroso, que inclui desde artes marciais e parkour até técnicas avançadas de direção e combate coreografado. Além disso, os desafios enfrentados por esses profissionais vão muito além das cenas de ação, envolvendo questões como segurança no set, falta de premiações específicas para a categoria e até mesmo o avanço das tecnologias digitais, que vêm substituindo algumas performances reais por efeitos visuais.
Neste artigo, vamos explorar a fascinante trajetória dos dublês, suas contribuições mais impressionantes para o cinema e os desafios que continuam a moldar essa profissão tão essencial para a sétima arte.
A Origem dos Dublês: O Início de Uma Profissão Arriscada
O trabalho dos dublês remonta aos primórdios do cinema mudo. Durante essa época, as produções dependiam de cenas autênticas para capturar a atenção do público, pois os efeitos especiais eram limitados. Até então, os próprios atores se arriscavam em cenas perigosas. Um dos primeiros dublês conhecidos foi Frank Hanaway, que se especializou em quedas e perseguições a cavalo em filmes de faroeste. Mas foi Yakima Canutt, um ex-peão de rodeio, quem revolucionou a profissão ao desenvolver técnicas de quedas controladas e cenas de luta coreografadas, ainda hoje utilizadas na indústria.
Dublês Icônicos e Seus Feitos Extraordinários
Dar Robinson: O Rei das Quedas Livres
Dar Robinson foi um dos dublês mais audaciosos e inovadores da história do cinema. Em “Sharky’s Machine” (1981), ele protagonizou uma das quedas mais impressionantes já realizadas sem o uso de cabos de segurança, despencando de um prédio com aproximadamente 70 metros de altura.
Além de suas performances arriscadas, Robinson foi um pioneiro no desenvolvimento de novas técnicas para quedas controladas, criando métodos que revolucionaram a forma como cenas de ação eram filmadas. Seu legado influenciou gerações de dublês e cineastas, tornando-se referência no mundo dos efeitos práticos e acrobacias cinematográficas.
Jackie Chan: O Mestre das Acrobacias
Jackie Chan é um dos raros atores que dispensam dublês e realizam suas próprias cenas de ação, muitas vezes se arriscando de forma extrema. Em “Police Story” (1985), ele protagonizou uma das sequências mais perigosas de sua carreira, deslizando por um poste de luz repleto de lâmpadas, quebrando tudo no caminho até o chão. O impacto foi tão violento que ele sofreu múltiplas fraturas e queimaduras graves.
Já em “Drunken Master II” (1994), ele participou de uma das lutas mais intensas da história do cinema, enfrentando o adversário sem qualquer tipo de proteção. Sua dedicação incansável à autenticidade das cenas fez dele um ícone dos filmes de ação, elevando o padrão das coreografias de luta e inspirando gerações de artistas marciais e dublês.
Tom Cruise: O Ator que Desafia os Limites
Tom Cruise não é apenas um astro de Hollywood, mas também um dos atores mais dedicados quando se trata de cenas de ação realistas. Ele é conhecido por dispensar dublês e realizar sequências incrivelmente perigosas por conta própria. Em “Missão: Impossível – Protocolo Fantasma” (2011), ele impressionou o mundo ao escalar o Burj Khalifa, o edifício mais alto do planeta, arriscando-se a mais de 800 metros de altura sem substituições.
Já em “Missão: Impossível – Efeito Fallout” (2018), ele elevou ainda mais o nível de realismo ao saltar de um avião a 7.600 metros de altitude, com uma câmera acoplada ao capacete para capturar a cena de forma autêntica. Seu comprometimento extremo com a ação tornou-se um diferencial em sua carreira, estabelecendo um novo padrão para sequências de adrenalina no cinema.
Os Dublês Mais Sofreram em Nome da Arte
Apesar do brilho e do glamour do cinema, os dublês enfrentam riscos extremos para criar cenas de ação impressionantes. Muitas vezes, esses profissionais colocam suas vidas em perigo para garantir o realismo das filmagens, e infelizmente, alguns acabam sofrendo acidentes fatais. Em “Deadpool 2” (2018), a dublê Joi Harris perdeu a vida em um trágico acidente de moto enquanto filmava uma cena de alta velocidade.
Já em “Os Mercenários 2” (2012), uma explosão durante as gravações resultou na morte de um dublê e deixou outro gravemente ferido. Esses casos reforçam os desafios enfrentados por esses especialistas, cuja coragem e dedicação são fundamentais para a indústria cinematográfica, mas muitas vezes permanecem nos bastidores, sem o devido reconhecimento.
A Evolução da Profissão e o Uso da Tecnologia
Com os avanços dos efeitos especiais e da computação gráfica, muitas cenas de ação passaram a ser criadas digitalmente, reduzindo significativamente os riscos enfrentados pelos dublês. Explosões, saltos de grandes alturas e perseguições perigosas podem agora ser simulados com realismo, sem a necessidade de colocar vidas em perigo. No entanto, a demanda por dublês continua alta, especialmente para cenas que exigem contato físico intenso, como lutas coreografadas, quedas reais e perseguições de veículos.
A tecnologia também trouxe desafios inéditos para a profissão, como a digitalização de rostos de atores famosos para substituir dublês em determinadas sequências. Esse avanço gerou debates na indústria sobre o futuro dos dublês e até que ponto a inteligência artificial e os efeitos visuais podem substituir o talento e a habilidade humana que tornam as cenas de ação tão autênticas e emocionantes.
Conclusão
Os dublês são verdadeiros heróis invisíveis do cinema, responsáveis por tornar possíveis algumas das cenas mais icônicas da história da sétima arte. Sem eles, muitos momentos de ação inesquecíveis jamais teriam sido realizados com tamanha intensidade e realismo. Ao longo das décadas, a profissão evoluiu, incorporando novas técnicas e tecnologias, mas a coragem e o risco envolvidos continuam sendo uma constante.
Desde os primórdios do cinema mudo até as superproduções de Hollywood da atualidade, esses profissionais desafiam os limites da realidade para proporcionar ao público experiências cinematográficas impressionantes. Embora muitas vezes permaneçam nos bastidores, sem o devido reconhecimento, sua contribuição para a indústria é imensurável.
Seu trabalho não apenas garante a autenticidade das cenas de ação, mas também mantém viva a magia do cinema, que continua a surpreender e emocionar espectadores em todo o mundo.