“Beleza Americana” é um filme que transcendeu o cinema convencional, oferecendo uma visão profunda e crítica da vida suburbana americana. Lançado em 1999 e dirigido por Sam Mendes, a película conquistou o público com sua narrativa inovadora e personagens complexos.
O enredo gira em torno de Lester Burnham, interpretado por Kevin Spacey, um homem de meia-idade em crise existencial, que busca reavivar a sua vida e a sua relação com a família em meio ao caos de um subúrbio americano. Com uma mistura de humor negro e drama, “Beleza Americana” explora temas como a insatisfação, o consumismo e a busca pela autenticidade.
O filme não só capturou a essência de uma geração, mas também provocou debates sobre as pressões sociais e pessoais que moldam nossas vidas. Neste texto, vamos mergulhar em algumas das curiosidades que tornam “Beleza Americana” uma obra-prima memorável.
1 – ESCOLHENDO O ELENCO
Embora Tom Hanks, Jeff Daniels, Kevin Costner, Woody Harrelson, John Travolta e Bruce Willis tenham sido considerados para o papel de Lester Burnham, e Holly Hunter e Helen Hunt para o papel de Carolyn Burnham, o diretor Sam Mendes já tinha Kevin Spacey e Annette Bening em mente quando propôs a ideia a Alan Ball.
Ball ficou encantado com a sugestão! Kevin Spacey, que acabou ganhando o Oscar de Melhor Ator pelo papel, contou em uma entrevista que se apaixonou pelo roteiro assim que o leu e sabia que precisava participar do filme de qualquer maneira.
2 – PERMISSÃO
Como Thora Birch era menor de idade durante as filmagens do filme, seus pais precisaram dar permissão para sua cena de topless. Além disso, fiscais responsáveis pelo controle de trabalho infantil estavam presentes no set para supervisionar a gravação da cena.
3 – IMPROVISO DE KEVIN SPACEY
Kevin Spacey improvisou todas as suas ações na cena em que Lester está fumando no carro e cantando “American Woman”.
4 – O FILME ERA UMA PEÇA DE TEATRO
A ideia para o filme começou como uma peça de teatro. Segundo o discurso de Alan Ball no Oscar, ele estava na praça do World Trade Center quando viu um saco sendo levado pelo vento, o que o inspirou a escrever a peça. Essa ideia permaneceu na mente de Ball, que posteriormente a transformou em um roteiro para o filme.
5 – STEVEN SPIELBERG SE EMOCIONOU LENDO O ROTEIRO
Steven Spielberg ficou profundamente tocado ao ler o roteiro de “Beleza Americana”. De acordo com os materiais adicionais do filme, quando os produtores levaram o roteiro para a DreamWorks, onde Spielberg era um dos fundadores, ele leu o script, se emocionou e recomendou: “Faça agora e não altere nada”.
Além disso, ele sugeriu Sam Mendes para dirigir o filme. E assim a história se desenrolou! Spielberg também comentou que, em toda sua experiência ajudando cineastas iniciantes, nunca tinha visto algo tão impressionante quanto a estreia de Sam Mendes.
6 – SUCESSO INESPERADO
Alan Ball, o criador de “Beleza Americana”, confessou que não acreditava que o filme alcançaria o sucesso que acabou obtendo. Em entrevistas, Ball revelou que não tinha a menor expectativa de que o filme geraria tanto debate e atenção. Ele destacou que, se tivesse imaginado o impacto que o filme teria, provavelmente teria sido incapaz de concluir o roteiro devido à pressão.
A surpresa de Ball com a recepção do filme destaca o quanto “Beleza Americana” superou as expectativas de seu criador. O reconhecimento e a adoração que o filme recebeu revelam o poder inesperado de uma obra que, apesar das dúvidas iniciais, conseguiu capturar a essência da crise existencial e a complexidade das relações humanas com uma profundidade que ressoou fortemente com o público e críticos.
7 – KIRSTEN DUNST FEZ TESTE PARA O ELENCO
Kirsten Dunst, Sarah Michelle Gellar, Brittany Murphy e Katie Holmes recusaram o papel de Angela Hayes. Tiffani Thiessen fez testes para o papel, mas não foi aprovada. Assim, a personagem acabou sendo interpretada por Mena Suvari, que tornou o papel um dos mais icônicos de sua carreira.
Jessica Biel foi inicialmente escolhida para o papel de Jane Burnham, mas teve que deixar o projeto. Thora Birch assumiu o papel de Jane, a musa de Ricky Fitts. Ricky, por sua vez, quase foi interpretado por Jake Gyllenhaal, mas acabou sendo vivido por Wes Bentley.
8 – UM ÚNICO TAKE
A cena em que Carolyn grita após falhar em vender a casa foi filmada em um único take.
9 – EFEITOS ESPECIAIS
A cena em que Lester se candidata a um emprego na Smiley Burger foi gravada à noite, mas efeitos especiais foram usados para parecer que era durante o dia. Observadores mais atentos podem notar que nem Kevin Spacey nem o garoto da Smiley Burger têm sombras no rosto.
10 – OS ENSAIOS PARA AS GRAVAÇÕES
O filme contou com duas semanas de ensaio antes do início das filmagens, que corresponde aproximadamente ao período de tempo retratado na história. Sam Mendes, com sua vasta experiência em direção de peças teatrais, sempre dedica um tempo significativo aos ensaios de seus filmes.
11 – REFERÊNCIAS A OUTRO CLÁSSICO
“Beleza Americana” faz várias referências ao romance “Lolita”, de Vladimir Nabokov. Além de ambas as histórias retratarem um homem mais velho obcecado por uma jovem sedutora, o nome “Lester Burnham” é um anagrama de “Humbert learns”, e o sobrenome de Angela, Hayes, é semelhante a Haze, o sobrenome de Lolita.
12 – ORÇAMENTO E BILHETERIA
O filme teve um orçamento baixo, de apenas US$ 15 milhões e foi um grande sucesso de bilheteria: arrecadou US$ 356 milhões de dólares ao redor do mundo.
“Beleza Americana” é uma obra que continua a fascinar e provocar reflexões profundas sobre a vida suburbana e a natureza humana. Com suas escolhas de elenco marcantes, como Kevin Spacey e Annette Bening, e a inspiração única de Alan Ball, o filme não apenas quebrou barreiras na época do seu lançamento, mas também estabeleceu um novo padrão para o cinema de crítica social.
As curiosidades reveladas, desde o improviso de Spacey até as referências sutis a “Lolita”, acrescentam camadas de complexidade à narrativa e ao processo criativo do filme. A dedicação de Sam Mendes aos ensaios e o impacto de Spielberg na produção evidenciam o cuidado e a paixão que transformaram o roteiro em uma experiência cinematográfica memorável.
Em última análise, “Beleza Americana” permanece como uma poderosa reflexão sobre a busca por autenticidade e o vazio da vida moderna, ressoando com o público até hoje.