“O Bebê de Rosemary”, dirigido por Roman Polanski e lançado em 1968, é um marco no cinema de terror psicológico. Baseado no romance de Ira Levin, o filme narra a história de Rosemary Woodhouse, uma jovem esposa vivida por Mia Farrow, que se vê envolvida em uma trama sinistra após engravidar.
Ambientado em Nova York, o filme é conhecido não apenas por seu suspense arrepiante, mas também por suas curiosidades intrigantes. Durante as filmagens, Mia Farrow realmente cortou seu cabelo para o papel, uma decisão que gerou controvérsias na época. Além disso, o diretor Roman Polanski inseriu detalhes sutis e simbólicos ao longo do filme, como referências a elementos ocultistas e imagens que aumentam a sensação de paranoia.
Com seu final perturbador e interpretações memoráveis, “O Bebê de Rosemary” continua a ser um clássico do terror que desafia e perturba seus espectadores até hoje.
1 – BASEADO NUM LIVRO
Antes mesmo de Ira Levin lançar seu romance, “O Bebê de Rosemary”, ele já estava no radar de Hollywood. O diretor e produtor William Castle, famoso por seus filmes de terror B como “The Tingler” e “House On Haunted Hill”, viu o potencial do livro e adquiriu os direitos antes mesmo de sua publicação.
Castle, buscando um projeto mais prestigiado, fechou um acordo com a Paramount Pictures para desenvolver o filme. Robert Evans, produtor, também reconheceu o potencial da obra e concordou em adaptá-la para o cinema, mas insistiu que Castle atuasse apenas como produtor, considerando-o “demasiado bom” para se envolver diretamente na direção. Roman Polanski foi então escolhido para dirigir o filme.
2 – THE BRAMFORD
O autor Ira Levin deu o nome de The Bramford ao prédio de apartamentos onde sua história se passa, como uma homenagem a Bram Stoker, criador de Drácula. No filme, o edifício Dakota, localizado no Upper West Side de Nova York, foi usado como cenário, sendo agora mais conhecido como o local onde ocorreu o trágico assassinato de John Lennon.
3 – SERIA TUDO IMAGINAÇÃO DE ROSEMARY?
Quando foi oferecido o cargo de diretor, Polanski aceitou e assumiu também a autoria do roteiro. Encontrou alguns desafios, mas como agnóstico, havia um aspecto que ele queria preservar na tela: a ambiguidade. Polanski decidiu contar uma história onde se poderia supor que tudo o que acontecia com Rosemary poderia ser apenas fruto da imaginação. “Como agnóstico, eu não via Satanás como encarnação do mal mais do que via Deus como personificação do bem; essa ideia contradizia minha visão racional do mundo”, explicou Polanski posteriormente. “Para manter a credibilidade, decidi que deveria existir uma brecha: a possibilidade de que as experiências sobrenaturais de Rosemary fossem produtos de sua própria imaginação. Toda a história, vista através de seus olhos, poderia ser uma sequência de coincidências que parecem sinistras à primeira vista, um reflexo de suas fantasias febris… É por isso que uma corrente de ambiguidade permeia deliberadamente todo o filme.”
4 – CONHECENDO O AMBIENTE
Antes de iniciar as filmagens de O Bebê de Rosemary, Polanski reuniu sua equipe para familiarizar o elenco com os espaços onde seriam gravadas as cenas. Ele mostrou layouts detalhados dos apartamentos, e é interessante notar que Levin próprio colaborou no processo de desenvolvimento dos ambientes internos.
5 – O DIRETOR DESENHOU OS PERSONAGENS
Para auxiliar na seleção do elenco de apoio ideal, Polanski elaborou descrições detalhadas de cada personagem, destacando os principais atributos a serem considerados durante a seleção. Foi dessa maneira que atores como Ruth Gordon e Sidney Blackmer foram escolhidos para o filme.
6 – MIA FARROW NÃO FOI A PRIMEIRA OPÇÃO
Para o papel de Rosemary Woodhouse, Polanski inicialmente buscava uma atriz de nacionalidade americana. Ele considerou Tuesday Weld, conhecida na época por seus papéis em filmes como The Cincinnati Kid. No entanto, Robert Evans e William Castle preferiam Mia Farrow. Após algumas audições não tão boas, Polanski acabou concordando em escolher Farrow. Ele afirmou: “Ela tinha algo especial. E o que lhe faltava, Roman conseguiu extrair dela.”
7 – PROBLEMAS NA PRODUÇÃO
Polanski dedicou-se aos detalhes de O Bebê de Rosemary com tanto empenho que acabou enfrentando problemas com a Paramount. Segundo Evans, o diretor estava consideravelmente atrasado no cronograma de filmagens, o que levou Castle a ligar frequentemente para alertá-lo sobre as consequências cada vez piores.
No entanto, os resultados finais eram espetaculares. Em uma ocasião na Paramount, Polanski explicou pessoalmente os desafios de sua agenda durante a produção do filme que viria a se tornar uma obra lendária do cinema. Quando questionado sobre a reação dos executivos do estúdio às primeiras versões brutas do filme, Polanski mencionou que a Paramount demonstrou grande apreço pelas imagens.
“Disseram-me que nunca demitiram ninguém por atrasos no cronograma, mas se não gostam das prévias, podem dispensá-lo rapidamente. Foi o que aconteceu neste caso. Eles realmente apreciaram muito o material”, revelou o diretor posteriormente.
8 – MIA FARROW ENCAROU O TRÂNSITO DE VERDADE
Durante a cena em que Rosemary tenta escapar do Bramford, ela enfrenta um congestionamento para atravessar a rua às pressas. Não houve interrupção do tráfego nem dublês envolvidos.
Polanski instruiu Mia Farrow a correr em uma rua movimentada de Nova York, confiando que os motoristas parariam ao ver uma mulher grávida. Ele assegurou à atriz que “ninguém iria atingir uma mulher grávida”. Sua confiança estava correta, e a cena foi filmada várias vezes, com a peculiaridade de Polanski ter que operar a câmera ele mesmo, já que ninguém mais se atreveu a fazê-lo.
9 – FRANK E MIA
Durante a produção de O Bebê de Rosemary, Mia Farrow era conhecida por sua participação em Peyton Place e por ser casada com o icônico cantor Frank Sinatra. Quando Sinatra avaliou o roteiro do filme, ele expressou dúvidas sobre Farrow interpretar o papel principal. Apesar disso, ela prosseguiu com o filme.
No entanto, os atrasos de Polanski criaram conflitos com outro projeto planejado por Sinatra, levando Farrow a tentar conciliar ambos os compromissos. No entanto, as tensões aumentaram e ela foi eventualmente forçada a escolher entre o filme de Polanski e seu casamento. O divórcio foi formalizado durante as filmagens, um momento que Farrow descreveu como assinando os papéis “numa névoa de lágrimas”, antes de retornar ao set para continuar trabalhando.
A situação gerou tanta tensão entre Sinatra e Robert Evans que os dois não se falaram por vários anos, chegando ao ponto de verificar se estavam em restaurantes antes de entrar.
10 – MALDIÇÕES
Segundo Mia Farrow, Sidney Blackmer, que interpretou o líder do coven, Roman Castevet, expressou no set que não via nada de bom na invocação a Satanás, e ele não estava sozinho em pensar assim. William Castle, mais tarde, convenceu-se de que o filme estava amaldiçoado. Logo após a produção, ele ficou doente e precisou passar por uma cirurgia. Enquanto se recuperava, o compositor do filme, Krzysztof Komeda, sofreu uma queda que o deixou em coma e, eventualmente, levou à sua morte.
No verão de 1969, a atriz Sharon Tate, esposa de Polanski e grávida de oito meses, foi brutalmente assassinada pela Família Manson. Para Castle, todos esses eventos pareciam se somar. “A história do filme estava se desenrolando na vida real. Todas as bruxas estavam lançando seus feitiços, e eu estava me tornando uma das peças”, recordou mais tarde.
Em suma, “O Bebê de Rosemary” não é apenas um filme de terror, mas uma obra que transcende seu gênero ao explorar temas profundos como paranoia, controle e sacrifício. As curiosidades por trás das câmeras, como a decisão de Mia Farrow de cortar seu cabelo para o papel e as sutis referências ocultistas de Roman Polanski, enriquecem ainda mais a experiência do espectador.
O final perturbador e ambíguo do filme continua a provocar debates e interpretações diversas, mantendo sua relevância ao longo das décadas. Além disso, “O Bebê de Rosemary” é um exemplo clássico de como o cinema pode explorar o desconhecido e desafiar as expectativas, deixando uma marca indelével na história do cinema de terror.
Seja pela sua atmosfera tensa, pela atuação marcante de Mia Farrow, ou pelos detalhes meticulosos da direção de Polanski, este filme continua a fascinar e a assombrar seu público, perpetuando seu status como um dos grandes clássicos do gênero.
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