Lançado em 1994, “Entrevista com o Vampiro” se tornou um marco no gênero de filmes de vampiro, cativando o público com sua abordagem inovadora e atmosfera sombria. Dirigido por Neil Jordan e baseado no best-seller de Anne Rice, o filme apresenta um elenco estelar, incluindo Tom Cruise, Brad Pitt e Kirsten Dunst, cujas atuações intensas trazem vida à complexa trama de imortalidade e desejo.
A narrativa, contada através da perspectiva de um vampiro que revela sua história a um repórter, explora temas profundos como a mortalidade, o isolamento e a busca por sentido. Além de seu enredo fascinante, o filme se destaca por seu estilo visual único e pela atmosfera gótica que permeia cada cena.
Neste texto, vamos mergulhar em algumas curiosidades intrigantes sobre a produção e os bastidores desse clássico do cinema, revelando segredos que fazem de Entrevista com o Vampiro uma obra inesquecível.
1 – BASEADO EM UM LIVRO
O livro de Anne Rice foi lançado pela primeira vez em 1976, e a Paramount Pictures adquiriu os direitos já em abril daquele ano, antes mesmo da publicação oficial. Contudo, o roteiro enfrentou vários percalços e acabou sendo vendido para a distribuidora Lorimar, para, eventualmente, ser adquirido pela Warner Bros.
O projeto permaneceu engavetado até que o diretor Neil Jordan, após o sucesso estrondoso de Traídos pelo Desejo (1992), foi convidado para a adaptação. Jordan revelou interesse inicial no roteiro, mas se encantou de fato pela história ao ler o livro de Anne Rice. Ele fez ajustes no roteiro para alinhar melhor com sua visão.
Se o filme tivesse sido lançado no final dos anos 1970, é possível que John Travolta tivesse interpretado o papel de Lestat!
2 – PRECONCEITO COM FILMES DE VAMPIROS
Apesar de os direitos terem sido adquiridos em 1976, o filme demorou bastante para ser produzido. Naquela época, havia um certo preconceito em relação aos filmes de vampiros, devido a várias produções mal sucedidas e de baixo orçamento que associaram o gênero a filmes B.
Quando o estúdio soube do projeto de Coppola, decidiu dar mais uma chance ao gênero, mas esperou para avaliar o desempenho de Drácula de Bram Stoker nas bilheteiras em 1992. Com o sucesso e a crescente popularidade dos vampiros na época, o estúdio finalmente deu o sinal verde para Neil Jordan avançar com a produção.
3 – AUTORA DO LIVRO NÃO QUERIA TOM CRUISE PARA INTERPRETAR LESTAT
Quando Anne Rice criou o personagem Lestat em seu livro, ela se inspirou na imagem do ator Rutger Hauer. Para a adaptação cinematográfica, Rice desejava o ator francês Alain Delon para o papel de Louis e o britânico Julian Sands para Lestat. No entanto, o projeto enfrentou atrasos até que, em 1993, o estúdio finalmente aprovou a produção. A escolha de Tom Cruise, um astro de grande sucesso, não agradou Anne Rice, que criticou abertamente a decisão.
No entanto, Cruise se preparou intensamente para o papel: leu todos os livros sobre Lestat, aprendeu a tocar piano e esgrima, e passou um tempo em Paris e Nova Orleans para captar o ambiente do livro. Após assistir à sua performance na pré-estreia, Rice mudou de opinião e elogiou o trabalho de Cruise, chegando a ligar para o ator para se desculpar.
Cruise recebeu 10 milhões de dólares pelo papel, além de uma participação nos lucros—um resultado bastante favorável.
4 – ATOR MORREU ANTES DAS GRAVAÇÕES DO FILME
Inicialmente, o papel do jornalista Daniel Molloy, que entrevista Louis, seria interpretado por River Phoenix, irmão de Joaquin Phoenix. No entanto, River faleceu algumas semanas antes do início das filmagens.
Christian Slater então assumiu o papel do jornalista, recebendo um salário de 250 mil dólares, que ele doou para instituições de caridade em homenagem a Phoenix. No final dos créditos do filme, há uma dedicatória especial ao ator.
5 – KIRSTEN DUNST QUASE NÃO CONSEGUIU O PAPEL
A jovem atriz que interpretou Claudia, a menina vampira criada por Lestat para manter Louis ao seu lado, impressionou o público com sua atuação. Ela foi descoberta por um caça-talentos, que acabou se tornando seu agente.
Durante o teste para o papel, o agente estava ouvindo atrás da porta e, ao vê-la sair, pediu para ela entrar novamente. Ele então afirmou aos produtores: “ela pode fazer mais do que isso” e solicitou que ela fizesse o teste mais uma vez. O resultado foi positivo, pois ela conseguiu o papel.
Curiosamente, o beijo que ela deu em Brad Pitt na cena da sacada foi seu primeiro beijo, e a atriz revelou que não gostou nada da experiência.
6 – A PERSONAGEM CLAUDIA FOI BASEADA NA FILHA DA AUTORA DO LIVRO
Anne Rice ficou extremamente satisfeita com a performance de Kirsten Dunst no filme. Claudia é uma personagem complexa, uma mulher em um corpo de criança, sem condições de se manter sozinha.
No livro, Claudia tem apenas 5 anos, o que dificultava a representação de uma criança tão pequena com características tão maduras no filme. A personagem foi inspirada na filha de Rice, Michelle, que faleceu aos 5 anos em 1972 devido a uma leucemia. Rice comentou certa vez:
“Tive um sonho profético em que minha filha morria devido a algo ruim em seu sangue. Foi um pesadelo terrível.”
7 – BRAD PITT QUERIA DESISTIR DO FILME
Em um certo ponto, Brad Pitt estava exausto com as gravações do filme. Ele recebeu o roteiro apenas duas semanas antes do início das filmagens e passou seis meses interpretando um personagem melancólico e triste. Pitt enfrentou lentes de contato desconfortáveis, passou longas horas em um set escuro e sofreu com o frio nas ruas de Londres e Paris.
Cansado, ele ligou para o produtor veterano David Geffen e disse: “Estou esgotado, não aguento mais. Quanto custaria para eu abandonar a produção?” David respondeu: “40 milhões de dólares”. Com essa resposta, Brad Pitt decidiu continuar.
8 – CONTEÚDO HOMOAFETIVO
Ciente da homofobia presente tanto na sociedade quanto no estúdio, Anne Rice teve que moderar o tom homoerótico do livro ao adaptar o roteiro. Em determinado momento, ela chegou a reescrever Louis como uma mulher, e David Geffen até considerou a cantora e atriz Cher para o papel.
Cher chegou a compor uma música para o filme, chamada “Lovers Forever”, em colaboração com Shirley Eikhard. No entanto, a faixa foi rejeitada pelos produtores e só foi lançada no álbum de Cher de 2013, “Closer to the Truth”.
9 – MAQUIAGEM PESADA
Os atores precisavam passar três horas em maquiagem antes das filmagens, e o processo era bastante desconfortável. Tom, Brad, Kirsten e os outros atores que interpretavam vampiros tinham que ficar de cabeça para baixo por meia hora várias vezes, para que o sangue fluísse para a cabeça.
Isso permitia que os maquiadores desenhassem as veias no rosto dos atores e criassem o efeito translúcido, fino e assustador. Michèle Burke, a chefe do departamento de maquiagem do filme, é uma vencedora de dois Oscars, um por “A Guerra do Fogo” (1981) e outro por “Drácula de Bram Stoker” (1992).
10 – UMA FAZENDA ASSOMBRADA
A fazenda onde Louis vive no filme é uma propriedade real chamada Destrehan Plantation, localizada a oeste de Nova Orleans. No entanto, também foram usadas imagens da Oak Alley Plantation, situada às margens do rio Mississippi em Vacherie, Louisiana. Segundo histórias locais, essa última plantação é assombrada.
A lenda conta que a antiga proprietária, Josephine Stewart, ou sua filha, Louise, teria perdido uma das pernas devido a gangrena. Uma dessas mulheres teria retornado como um espírito, e alguns membros da equipe afirmaram ter visto uma figura espectral com longos cabelos vagando pela propriedade.
“Entrevista com o Vampiro” continua a ser um marco no gênero de filmes de vampiro, oferecendo uma visão única e fascinante sobre o universo sombrio e complexo dos vampiros. Desde sua produção conturbada até a impressionante atuação de seu elenco estelar, o filme é um exemplo de como a paixão e o comprometimento dos envolvidos podem superar desafios significativos.
As curiosidades que rodeiam o filme—desde a inspiradora performance de Kirsten Dunst até as complexidades da maquiagem dos vampiros—revelam o cuidado e a dedicação que foram investidos em cada aspecto da produção. Anne Rice, apesar de suas reservas iniciais, acabou reconhecendo o valor da adaptação, e a influência duradoura do filme é um testemunho do talento e do trabalho árduo de todos os envolvidos.
Com uma combinação de uma história envolvente e uma execução técnica impressionante, Entrevista com o Vampiro permanece um clássico eterno no cinema.